quinta-feira, 19 de março de 2009
A VIAGEM DE COMBOIO
Tinha conseguido comprar o bilhete à última da hora com as únicas moedas que ainda lhe restavam. No seu pensamento corria esperança, felicidade, alívio… Partia em direcção ao destino, que o levava para um lugar longínquo. Partia em direcção a uma oportunidade de continuar a viver.
No dia seguinte, logo pela manhã, alimentou-se de um bocado de pão que trazia no bolso, visto que não tinha dinheiro para mais. Era pobre e ia em direcção a países diferentes, continentes diferentes e, na sua imaginação, a mundos completamente novos onde a vida seria feliz. Tinha que sustentar a sua família, partiu…tinha que o fazer.
A viagem parecia não ter fim. Tudo parecia entrar num círculo vicioso e a fome apertava cada vez mais. Tinha de aguentar. Tinha de conseguir….Pensava que, mais tarde, voltaria para casa e voltaria a ver os seus filhos. Voltaria a ver a sua mulher. A sua cabeça atormentava-o, pensando também no que aconteceria à sua família, em caso de falhanço.
Tentava deixar esses pensamentos para trás. Tentava alegrar-se. Mas o lado do futuro incerto parecia ser mais forte do que ele. Tinha vontade de gritar, de exprimir o seu pensamento… mas conteve-se.
O comboio parou. Saiu esperançoso para a cidade, tentando recordar-se o mais possível da sua casa no campo e desejava nunca esquecer essa imagem.
Esse homem tornou-se um grande pensador e tudo por causa das agonias e contradições que viveu naquela viagem… Fez com que ele visse o mundo de maneira diferente.
Luís Diogo S.
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