quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

O PRINCIPEZINHO



div>







Um dos livros que mais marcou a minha adolescência foi "O Principezinho" de Antoine de Saint- Exupéry. Todo ele nos leva a um mundo em que as crianças e os adultos se sentem cada vez mais sozinhos e em que a perda de alguns valores essenciais nos é aqui apresentada de uma forma belíssima. Não consigo resistir a transcrever neste espaço, uma das partes que eu considero das mais belas deste livro.

“E foi então que apareceu a raposa:
- Bom dia, disse a raposa.
- Bom dia, respondeu polidamente o principezinho, que se voltou, mas não viu nada.
- Eu estou aqui-disse a voz, debaixo da macieira...
- Quem és tu? perguntou o principezinho. Tu és bem bonita...
- Sou uma raposa, disse a raposa
- Vem brincar comigo, propôs o principezinho. Estou tão triste
- Eu não posso brincar contigo, disse a raposa. Não me cativaram ainda -
- Ah! desculpa, disse o principezinho.
Após uma reflexão, acrescentou:
- Que quer dizer "cativar"?
- Tu não és daqui, disse a raposa. Que procuras?
- Procuro os homens, disse o principezinho – Que quer dizer "cativar"?
- Os homens, disse a raposa, têm fuzis e caçam. É bem incómodo! Criam galinhas também. É a única coisa interessante que eles fazem. - Tu procuras galinhas?
- Não, disse o principezinho. Eu procuro amigos. Que quer dizer "cativar"?
- É uma coisa muito esquecida, disse a raposa. Significa "criar laços.
- Criar laços?
- Exactamente, disse a raposa. Tu não és ainda para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens também necessidade de mim. Não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro Serás para mim o único no mundo. E eu serei para ti única no mundo...
- Começo a compreender, disse o principezinho. Existe uma flor. . . eu creio que ela me cativou ...
- É possível, disse a raposa. Vê-se tanta coisa na Terra ...
- Oh! não foi na Terra, disse o principezinho.
A raposa pareceu intrigada:
- Num outro planeta?
- Sim.
- Há caçadores nesse planeta?
- Não.
- Que bom ! E galinhas?
- Também não.
- Nada é perfeito, suspirou a raposa.
Mas a raposa voltou à sua ideia.
- Minha vida é monótona. Eu caço as galinhas e os homens me caçam. Todas as galinhas se parecem e todos os homens se parecem também. E por isso eu me aborreço um pouco. Mas se tu me cativas, minha vida será como que cheia de sol. Conhecerei um barulho de passos que será diferente dos outros. Os outros passos me fazem entrar debaixo da terra. O teu me chamará para fora da toca, como se fosse música. E depois, olha! Vês, lá longe, os campos de trigo? Eu não como pão. O trigo para mim é inútil. Os campos de trigo não me lembram coisa alguma. E isso é triste Mas tu tens cabelos cor de ouro. Então será maravilhoso quando me tiveres cativado. O trigo, que é dourado, fará lembrar-me de ti. E eu amarei o barulho do vento no trigo ... A raposa calou-se e considerou por muito tempo o príncipe:
- Por favor... cativa-me disse ela.
- Bem quisera, disse o principezinho, mas eu não tenho muito tempo. Tenho amigos a descobrir e muitas coisas a conhecer.
- A gente só conhece bem as coisas que cativou, disse a raposa. Os homens não têm mais tempo de conhecer coisa alguma. Compram tudo prontinho nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos, Se tu queres um amigo, cativa-me !
- Que é preciso fazer? perguntou o principezinho.
- É preciso ser paciente, respondeu a raposa. Tu te sentarás primeiro um pouco longe de mim, assim, na relva. Eu te olharei com o canto do olho e tu não dirás nada.
A linguagem é uma fonte de mal-entendidos. Mas, cada dia, te sentarás mais perto ...
No dia seguinte o principezinho voltou.
- Teria sido melhor voltares à mesma hora, disse a raposa. Se tu vens, por exemplo, às quatro da tarde, desde as três eu começarei a ser feliz. Quanto mais a hora for chegando, mais eu me sentirei feliz. às quatro horas, então, estarei inquieta e agitada: descobrirei o preço da felicidade! Mas se tu vens a qualquer momento, nunca saberei a hora de preparar o coração ... É preciso ritos.
- Que é um rito? perguntou o principezinho.
- É uma coisa muito esquecida também, disse a raposa, É o que faz com que um dia seja diferente dos outros dias; uma hora, das outras horas. Os meus caçadores, por exemplo, possuem um rito. Dançam na quinta-feira com as moças da aldeia. A quinta-feira então é o dia maravilhoso! Vou passear até a vinha. Se os caçadores dançassem qualquer dia, os dias seriam todos iguais, e eu não teria férias !
Assim o principezinho cativou a raposa. Mas, quando chegou a hora da partida, a raposa disse:
- Ah ! Eu vou chorar.
- A culpa é tua, disse o principezinho, eu não te queria fazer mal; mas tu quiseste que eu te cativasse ...
- Quis, disse a raposa.
- Mas tu vais chorar ! disse o principezinho.
- Vou, disse a raposa.
- Então, não sais lucrando nada !
- Eu lucro, disse a raposa, por causa da cor do trigo. Depois ela acrescentou:
- Vai rever as rosas. Tu compreenderás que a tua é a única no mundo. Tu voltarás para me dizer adeus, e eu te farei presente de um segredo.
Foi o principezinho rever as rosas:
- Vós não sois absolutamente iguais à minha rosa, vós não sois nada ainda. Ninguém ainda vos cativou, nem cativastes a ninguém. Sois como era a minha raposa. Era uma
raposa igual a cem mil outras. Mas eu fiz dela um amigo. Ela é agora única no mundo.
E as rosas estavam desapontadas.
- Sois belas, mas vazias, disse ele ainda. Não se pode morrer por vós. Minha rosa, sem dúvida um transeunte qualquer pensaria que se parece convosco. Ela sozinha é, porém, mais importante que vós todas, pois foi a ela que eu reguei. Foi a ela que pus sob a redoma. Foi a ela que abriguei com o pára-vento. Foi dela que eu matei as larvas (excepto duas ou três por causa das borboletas). Foi a ela que eu escutei queixar-se ou gabar-se, ou mesmo calar-se algumas vezes. É a minha rosa.
E voltou, então, à raposa:
- Adeus, disse ele...
- Adeus, disse a raposa. Eis o meu segredo. É muito simples: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos.
- O essencial é invisível para os olhos, repetiu o principezinho, a fim de se lembrar.
- Foi o tempo que perdeste com tua rosa que fez tua rosa tão importante.
Foi o tempo que eu perdi com a minha rosa... repetiu o principezinho, a fim de se lembrar.
- Os homens esqueceram essa verdade, disse a raposa.
Mas tu não a deves esquecer. Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas. Tu és responsável pela rosa...
- Eu sou responsável pela minha rosa... repetiu o principezinho, a fim de se lembrar.”

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

PATRIMÓNIO ORAL

Uma lengalenga é um texto com frases curtas –que normalmente rimam– e muitas repeti­ções, que ajudam a aprendê-lo de cor com facilidade. Normal­mente, às lenga­lengas associamos brinca­deiras e jogos muito divertidos feitos em grupo.

Trava-línguas é um conjunto de palavras formando uma sentença que seja de difícil articulação em virtude da existência de sons que exijam movimentos seguidos da língua que não são usualmente utilizados.
Os travalínguas, além de aperfeiçoadores da pronúncia, servem para divertir e provocar disputa entre amigos. São embaraçosos e provocam risos .


Adivinhas são perguntas e respostas de humor, consistem em perguntas com conteúdo dúbio ou desafiador e que começam com "O que é, o que é …?, mas na maioria das vezes é sub entendido.

Este período, os alunos do 5ºB fizeram uma recolha de exemplos de vários textos do nosso património oral, que aqui publico.

QUADRAS SOLTAS




Com três letrinhas apenas
Se escreve a palavra mãe
É das palavras pequenas
A maior que o Mundo tem.

Quem me dera ser a água
Passar nas fontes a correr
Para beijar os teus lábios
Quando tu a fosses beber.

Não sou esperto nem burro
Nem bem nem mal educado
Sou apenas um produto
Do meio em que fui criado.

P´ra mentira ser segura
E atingir profundidade
Tem de trazer à mistura
Qualquer coisa de verdade.

Eu vi quatro quadras soltas
À solta lá numa herdade
amarrei-as com uma corda
e carreguei-as p'rá cidade

Cheguei com elas a um largo
e logo ao largo se puseram
foram ter com a família
e com os amigos que ainda o eram

Viram fados, viram viras
viram canções de revolta
e encontraram bons amigos
em mais que uma quadra solta

Uma viu um livro chamado
'Este livro que vos deixo'
e reviu velhas amizades
eram quadras do Aleixo

Fui com a quadra popular
À procura da restante
quando o polícia de longe
disse: venha aqui um instante

Temos aqui uma outra
não sei se você conhece
desrespeita a autoridade
e diz o que lhe apetece

Tem uma rima forçada
e palavras estrangeiras
e semeia a confusão
entre as outras prisioneiras

ADIVINHAS

Ainda antes de a mãe nascer, já anda o filho a correr.
Solução : A chama e o fumo

Alto está, alto mora, ninguém o vê, todos os adoram.
Solução : Deus

Altos castelos, lindas janelas, abrem e fecham, ninguém mora nelas.
Solução : Olhos

Ando para trás e para frente, quase sempre a passar, muitas vezes com o rabo quente, mas nada quer queimar.
Solução : Ferro de engomar

Aproveitam e desperdiçam tudo o que vão fazer, pois os dedos pêlos olhos, todos lhe querem meter.
Solução : Tesoura

Branca como a neve, preta como a paz, fala e não tem boca. Ainda não tem pés.
Solução : Carta
Dois irmãos do mesmo nome, vão marchando com afinco, mas um dá sessenta passos, enquanto o outro dá cinco.
Solução : Ponteiros do relógio

É bom para se comer, mas não se come assado nem cru, nem cozinhado, o que é?
Solução: Prato

É muito bom para o pequeno almoço e também para o lanche se queres crescer muito também o beber ao deitar.
Solução: Leite

É uma caixinha, de bem querer, não há carpinteiro, que a saiba fazer?
Solução: Noz

É uma senhora muito esbelta, que com finos véus se aperta, quem tiver que desapertar, muitas lágrimas há-de chorar.
Solução: Cebola

É varinha de condão, que ao tocar numa caixinha, faz luz na escuridão.
Solução: Fósforo

Em si a lua se espelha e o sol reflecte também, quando a gente se aproxima olhando-a nos vemos bem.
Solução: Água

Eu tenho, princípio e fim, mas também é verdade, que muito embora completa, eu fico sempre metade.
Solução: Meia


Faça sol ou faça frio, ele tem sempre onde morar, veio do mundo senhorio, mas como o pai e o tio não pode a casa alugar.
Solução: Caracol

Faço os olhos bonitos e os coelhos são doidos por mim, cresço de pé e sirvo para pratos sem fim.
Solução: Cenoura

Foi feita para impedir, também para deixar passar, meu dono pode-me abrir que esse nunca vai roubar.
Solução: Porta
Não sou bonito por trás, mas sou bonito pela frente, pois estou sempre a mudar, porque imito muita gente.
Solução: Espelho

Não tem pernas mesmo assim, não tem braços e onde mexe, deixa tudo num sarilho.
Solução: Vento

Que é que é, tem um palmo de pescoço, tem barriga e não tem osso?
Solução: Garrafa

Que é que é, uma caixinha redondinha bem feita, para rebolar, todos a podem abrir, ninguém a pode fechar?
Solução: Ovo

Só a faz quem já a tem, pois quem não a tem não a faz, se a tem pode não fazer, se a fizer, já não a faz.
Solução: Barba

Somos duas irmãs gémeas, despidas ou enfeitadas, nunca nos podemos ver e nunca andamos zangados.
Solução: Orelhas

Tem coroa e não é rei, tem escamas sem peixe ser, além de servir para doce, é fruta, podes comer.
Solução: Ananás

Uma senhorinha, muito assenhorada, nunca sai de casa, está sempre molhada.
Solução: Língua

Verde como o mato e mato não é, fala como gente e gente não é.
Solução: Papagaio

Verde foi o meu nascimento e de luto me vesti, para dar a luz ao mundo mil tormentas padeci.
Solução: Azeitona

TRAVA-LÍNGUAS






Tenho uma capa bilrada
Tenho uma capa bilrada, chilrada, galrripatalhada;
Mandei-a ao senhor bilrador, chilrador, galrripatalhador,
Que ma bilrasse, chilrasse, galrripatalhasse,
Que eu lhe pagaria bilraduras, chilraduras, galrripatalhaduras.

Tenho um colarinho

Tenho um colarinho
muito bem encolarinhado.
Foi o colarinhador
que me encolarinhou
este colarinho
Vê se és capaz
de encolarinhar
^tão bem encolarinahdo
como o encolarinhador
que me encolarinhou
ste colarinho.

Percebeste?

Percebeste?
Se não percebeste,
faz que percebeste
para que eu perceba
que tu percebeste.
Percebeste?

Mário Mora foi a Mora

Mário Mora foi a Mora
com intenções de vir embora
mas, como em Mora demora;
diz um amigo de Mora:
- Está cá o Mora?
- Então agora o Mora mora em Mora?
- Mora, mora.

Copo, copo, jericopo

Copo, copo, jericopo,
Jericopo, copo cá;
Quem não disser três vezes
Copo, copo, jericopo,
Jericopo, copo cá,
Por este copo não beberá.

Um ninho de mafagafas

Um ninho de mafagafas
Com sete mafagafinhos
Quando o mafagafa gafa
Gafam os setes mafagafinhos.

A história é uma sucessão sucessiva

A história é uma sucessão sucessiva
dos sucessos que se sucedem
sucessivamente sem cessar

Amigo, compre uma capa parda.

Amigo, compre uma capa parda.
Se comprar uma capa parda, pague-a.
Eu, uma capa parda comprei.
E uma capa parda paguei.

Pardal pardo, porque palras?

- Pardal pardo, porque palras?
- Palro sempre e palrarei porque
Sou o pardal pardo palrrador
de el-rei.

Debaixo da pipa está uma pita.

Debaixo da pipa está uma pita.
Pinga a pipa, pia a pita,
Pia a pita, pinga a pipa.

Disseram na minha rua

Disseram na minha rua
Tem paralelepípedo feito
De paralelogramos
Seis paralelogramos
Tem um paralelepípedo.
Mil paralelepípedos
Tem uma paralelepípedovia.
Uma paralelepípedovia
Tem mil paralelogramos
Então uma paralelepípedovia
É uma paralelogramolândia?

A aranha arranha a rã.

A aranha arranha a rã.
A rã arranha a aranha.
Nem a aranha arranha a rã.
Nem a rã arranha a aranha.


O doce perguntou pro doce

O doce perguntou pro doce
Qual é o doce mais doce
Que o doce de batata-doce.
O doce respondeu pro doce
Que o doce mais doce que
O doce de batata-doce
É o doce de batata-doce
É o doce de doce de batata-doce.


O tempo perguntou ao tempo

O tempo perguntou ao tempo
quanto tempo o tempo tem.
O tempo respondeu ao tempo
que o tempo tem tanto tempo
quanto tempo o tempo tem.

Paulo Pereira Pinto Peixoto,
pobre pintor português
pinta perfeitamente
portas, paredes e pias,
por pouco preço, patrão!

um tigre tigrado e dez pratos de trigo
dois tigres tigrados e nove pratos de trigo
tres tigres tigrados e oito pratos de trigo
quatro tigres tigrados e sete pratos de trigo
cinco tigres tigrados e seis pratos de trigo
seis tigres tigrados e cinco pratos de trigo
sete tigres tigrados e quatro pratos de trigo
oito tigres tigrados e tres pratos de trigo
nove tigres tigrados e dois pratos de trigo
dez tigres tigres tigrados e um prato de trigo


Era uma vez um caçador,
furunfunfor, triunfunfor, misericuntor;
E foi à caça,
furunfunfaça, triunfunfaça, misericuntaça;
E caçou um coelho,
furunfunfelho, triunfunfelho, misericuntelho;
E levou-o a uma velha,
furunfunfelha, triunfunfelha, misericuntelha.

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

LENGALENGAS

Xácara das dez meninas

Era hua vez dez meninas
de hua aldeya muito probe.
Deu o tranglomanglo nelas
não ficaram senão nove.
Era hua vez nove meninas
que so comeam biscoito.
Deu o tranglomanglo nelas
não ficaram senão oito.
Era hua vez oito meninas
em terras de dom Espàguete.
Deu o tranglomanglo nelas
não ficaram senão sete.
Era hua vez sete meninas
lindas como outras não veis.
Deu o tranglomanglo nelas
não ficaram senão seis.
Era hua vez seis meninas
em landas de Charles Quinto.
Deu o tranglomanglo nelas
não ficaram senão cinco.
Era hua vez cinco meninas
em um trianglo equilatro.
Deu o tranglomanglo nelas
não ficaram senão quatro.
Era hua vez quatro meninas
qu'avondavam só ao mês.
Deu o tranglomanglo nelas
não ficaram senão três.
Era hua vez três meninas
em o paço de dom Fuas.
Deu o tranglomanglo nelas
não ficaram senão duas.
Era hua vez duas meninas
ante hu home todo espuma.
Deu o tranglomanglo nelas
transformaram-se em só hua.
Era hua vez hua menina
terrada em coval muy fundo.
Deu o tranglomanglo nelas
voltaram as dez ao mundo.

Mário Cesariny, Primavera Autónoma das Estradas, 1980

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

À Morte Ninguém Escapa

À morte ninguém escapa,
Nem o rei, nem o papa,
Mas escapo eu.
Compro uma panela,
Custa-me um vintém,
Meto-me dentro dela
E tapo-me muito bem,
Então a morte passa e diz:
- Truz, truz! Quem está ali?
- Aqui, aqui não está ninguém.
- Adeus meus senhores,
Passem muito bem

Romance de 10 meninas casadoiras

São 10 meninas e sobre elas chove
Mas chega um bombeiro e ficam só 9.
São 9 meninas comendo biscoitos
Mas chega um padeiro e ficam só 8.
São 8 meninas fazendo uma omolete
Mas chega um guloso e ficam só 7.
São 7 meninas pintando papéis
Mas chega um pintor e ficam só 6.
São 6 meninas à volta de um brinco
Mas chega o ourives e ficam só 5.
São 5 meninas que vão ao teatro
Mas chega um actor e ficam só 4.
São 4 meninas falando francês
Mas chega um estrangeiro e ficam só 3.
São 3 meninas guardando ovelhas
Mas chega um pastor e ficam só 2.
São 2 meninas nadando na espuma
Mas chega um barqueiro e fica só 1.
É uma menina a apanhar caruma
Mas chega um leão, não fica nenhuma

As Chaves da Cidade de Roma

Na cidade de Roma há uma rua
na rua há uma casa
na casa há uma porta
na porta há uma escada
na escada há uma sala
na sala há um quarto
no quarto há uma cama
na cama há uma mesa
na mesa há um pano
no pano há uma gaiola
na gaiola há um ninho
no ninho há um ovo
no ovo há um pássaro
no pássaro um coração:
aqui está o meu amor.

Meu amor está dentro do coração:
o coração está no pássaro
o pássaro está na gaiola
a gaiola está no pano
o pano está na mesa
a mesa está na cama
a cama está no quarto
o quarto está na sala
a sala está na escada
a escada está na porta
a porta está na casa
a casa está na rua
na rua está a cidade de Roma
e aqui estão as chaves
da cidade de Roma.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

A Casa que fez o João

Aqui está a casa
que fez o João.

Aqui está o saco de grão e feijão
que estava na casa .
que fez o João.

Aqui está o rato
que furou o saco de grão e feijão
que estava na casa
que fez o João.

Aqui está o gato
que comeu o rato
que furou o saco de grão e feijão
que estava na casa
que fez o João.

Aqui está o cão
que mordeu o gato
que comeu o rato
que furou o saco de grão e feijão
que estava na casa
que fez o João.

Aqui está a vaca de chifre torcido
que marrou no cão
que mordeu o gato
que comeu o rato
que furou o saco de grão e feijão
que estava na casa
que fez o João.

Aqui está a moça
que mungiu a vaca de chifre torcido
que marrou no cão
que mordeu o gato
que comeu o rato
que furou o saco de grão e feijão
que estava na casa
que fez o João.


Aqui está o homem de fato em farrapos
que abraçou a moça
que mungiu a vaca de chifre torcido
que marrou no cão
que mordeu o gato
que comeu o rato
que furou o saco de grão e feijão
que estava na casa
que fez o João.


Aqui está o padre de livro na mão
que casou o homem de fato em farrapos
que abraçou a moça
que mungiu a vaca de chifre torcido
que marrou no cão
que mordeu o gato
que comeu o rato
que furou o saco de grão e feijão
que estava na casa
que fez o João.

Aqui está o galo
que acordou o padre de livro na mão
que casou o homem de fato em farrapos
que abraçou a moça
que mungiu a vaca de chifre torcido
que marrou no cão
que mordeu o gato
que comeu o rato
que furou o saco de grão e feijão
que estava na casa
que fez o João.

Aqui está o velho
que é dono do galo
que acordou o padre de livro na mão
que casou o homem de fato em farrapos
que abraçou a moça
que mungiu a vaca de chifre torcido
que marrou no cão
que mordeu o gato
que comeu o rato
que furou o saco de grão e feijão
que estava na casa
que fez o João.

Gling-gling

Glin-glin, que tens ao lume?
Glin-glin, tenho papas.
Glin-glin, dá-me delas.
Glin-glin, não tenho sal.
Glin-glin, manda-o buscar.
Glin-glin, não tenho por quem.
Glin-glin, por João Branco.
Glin-glin, não pode, está manco.
Glin-glin, quem o mancou?
Glin-glin, foi um pau.
Glin-glin, que é do pau?
Glin-glin, o lume o queimou.
Glin-glin, que é do lume?
Glin-glin, a água o apagou.
Glin-glin, que é da água?
Glin-glin, o boi a bebeu.
Glin-glin, que é do boi?
Glin-glin, foi moer o trigo.
Glin-glin, que é do trigo?
Glin-glin, a galinha o comeu.
Glin-glin, que é da galinha?
Glin-glin, foi pôr ovos.
Glin-glin, que é dos ovos?
Glin-glin, o frade os comeu.
Glin-glin, que é do frade?
Glin-glin, foi dizer missa.
Glin-glin, que é da missa?
Glin-glin, já está dita.
Glin-glin, que é da campainha?
Glin-glin, está aqui! Está aqui!

Tranglomanglo

Minha mãe teve dez filhos
Todos dez dentro de um pote
Deu o tranglomanglo neles, e não ficaram senão nove. Desses nove que ficaram Foram amassar biscoito:
Deu o tranglomanglo neles, Não ficaram senão oito
Desses oito que ficaram
Foram pentear um tapete:
Deu o tranglomanglo neles, Não ficaram senão Sete.
Desses sete que ficaram Foram espreitar os reis:
Deu o tranglomanglo neles,
Não ficaram senão seis.
Desses sete que ficaram Foram espreitar os reis:
Deu o tranglomanglo neles,
Não ficaram senão seis.
Desses seis que ficaram Foram matar um rês:
Deu o tranglomanglo neles,
Não ficaram senão três.
Desses três que ficaram Foram dar comida aos bois:
Deu o tranglomango neles,
Não ficaram senão dois.
Desses dois que ficaram Foram matar um peru:
Deu o tranglomango neles, E não ficou senão um.
E esse um que ficou
Foi ver amassar o pão:
Deu o tranglomanglo nele,
E acabou-se a geração.

Gato Maltês

Era uma vez
um gato maltês
tocava piano
e falava francês
A dona da casa
chamava-se Inês
e o número da porta era o trinta e três
era muito bonito
e não era mau
também cantava
miau, miau, miau

A Formiga e a Neve

Certo dia, a formiguinha trabalhadeira, quando ia buscar uma semente para o seu celeiro de Inverno, foi apanhada por um nevão e o seu pezinho ficou preso na neve. Muito aflita, ela pediu à neve:
- Ó neve, tu és tão forte que o meu pé prendes!
- Mais forte do que eu é o Sol que me derrete! - respondeu a neve.
Disse a formiga, virando-se para o Sol:
- Ó Sol, tu és tão forte que derretes a neve, que o meu pé prende!
- Mais forte do que eu é a nuvem que me tapa! - respondeu o Sol.
- Ó nuvem, tu és tão forte que tapas o Sol, que derrete a neve que o meu pé prende!
- Mais forte do que eu é o vento que me empurra!
- Ó vento, tu és tão forte que empurras a nuvem, que tapa o Sol, que derrete a neve que o meu pé prende!
- Mais forte do que eu é a parede que não me deixa passar!
- Ó parede, tu és tão forte que não deixas passar o vento, que empurra a nuvem, que tapa o Sol, que derrete a neve que o meu pé prende!
- Mais forte do que eu é o rato que me fura!
- Ó rato, tu és tão forte que furas a parede, que não deixa passar o vento, que empurra a nuvem, que tapa o Sol, que derrete a neve que o meu pé prende!
- Mais forte do que eu é o gato que me come!
- Ó gato, tu és tão forte que comes o rato, que fura a parede, que não deixa passar o vento, que empurra a nuvem, que tapa o Sol, que derrete a neve que o meu pé prende!
- Mais forte do que eu é a mulher que me trata.
- Ó mulher, tu és tão forte que tratas do gato, que come o rato, que fura a parede, que não deixa passar o vento, que empurra a nuvem, que tapa o Sol, que derrete a neve que o meu pé prende!
Então a mulher retirou cuidadosamente a patinha da formiga da neve e, assim, ela pôde ir para casa.

O Castelo de Chuchurumel

Aqui está a chave
Que abre a porta
Do castelo
De Chuchurumel.
Aqui está o cordel
Que prende a chave
Que abre a porta
Do castelo
De Chuchurumel
Aqui está o sebo
Que unta o cordel
Que prende a chave
Que abre a porta
Do castelo
De Chuchurumel.
Aqui está o rato
Que roeu o sebo
Que unta o cordel
Que prende a chave
Que abre a porta
Do castelo
De Chuchurumel.
Aqui está o gato
Que comeu o rato
Que roeu o sebo
Que unta o cordel
Que prende a chave
Que abre a porta
Do castelo
De Chuchurumel.
Aqui está o cão
Que mordeu o gato
Que comeu o rato
Que roeu o sebo
Que unta o cordel
Que prende a chave
Que abre a porta
Do castelo
De Chuchurumel
Aqui está o pau
Que bateu no cão
Que mordeu o gato
Que comeu o rato
Que roeu o sebo
Que unta o cordel
Que prende a chave
Que abre a porta
Do castelo
De Chuchurumel.
Aqui está o lume
Que queimou o pau
Que bateu no cão
Que mordeu o gato
Que comeu o rato
Que roeu o sebo
Que unta o cordel
Que prende a chave
Que abre a porta
Do castelo
De Chuchurumel.
Aqui está a água
Que apagou o lume
Que queimou o pau
Que bateu no cão
Que mordeu o gato
Que comeu o rato
Que roeu o sebo
Que unta o cordel
Que prende a chave
Que abre a porta
Do castelo
De Chuchurumel.
Aqui está o boi
Que bebeu a água
Que apagou o lume
Que queimou o pau
Que bateu no cão
Que mordeu o gato
Que comeu o rato
Que roeu o sebo
Que unta o cordel
Que prende a chave
Que abre a porta
Do castelo
De Chuchurumel.
Aqui está o carniceiro
Que matou o boi
Que bebeu a água
Que apagou o lume
Que queimou o pau
Que bateu no cão
Que mordeu o gato
Que comeu o rato
Que roeu o sebo
Que unta o cordel
Que prende a chave
Que abre a porta
Do castelo
De Chuchurumel
Aqui está a morte
Que levou o carniceiro
E que entrega a chave
Que abre a porta
Do castelo
De Chuchurumel.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008