domingo, 2 de novembro de 2008

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Fala do homem nascido






Venho da terra assombrada
Do ventre da minha mãe
Não pretendo roubar nada
Nem fazer mal a ninguém
Só quero o que me é devido
Por me trazerem aqui
Que eu nem sequer fui ouvido
No acto de que nasci


Trago boca para comer
E olhos para desejar
Com licença quero passar
Tenho pressa de viver
Com licença com licença
Que a vida é água a correr
Venho do fundo do tempo
Não tenho tempo a perder


Minha barca aparelhada
Solta o pano rumo ao Norte
Meu desejo é passaporte
Para a fronteira fechada
Não há ventos que não prestem
Nem marés que não convenham
Nem forças que me molestem
Correntes que me detenham


Quero eu e a Natureza
Que a Natureza sou eu
E as forças da Natureza
Nunca ninguem as venceu
Com licença com licença
Que a barca se fez ao mar
Não há poder que me vença
Mesmo morto hei-de passar
Com licença com licença
Com rumo à Estrela Polar

António Gedeão/José Niza

terça-feira, 17 de junho de 2008

A Ilha Fantástica




Era uma ilha fantástica com animais incrivelmente bonitos e ágeis, capazes de coisas extraordinárias. É o caso de uma toupeira que tinha um campo muito bem arranjadinho ou o de um golfinho que vivia numa casa feita de algas tão bonitas e coloridas que eu, por causa disso, resolvi chamar àquela ilha a Ilha da Amizade.
Tudo parecia mágico: todos os animais se davam bem uns com os outros mas eu, bem no fundo, sentia que alguma coisa se passava e que aquele mundo não era tão perfeito como parecia à primeira vista.
A minha atenção foi desviada para uma ovelha, para a qual me dirigi e perguntei porque estava tão triste.
Ela explicou-me em “ovelhês”, que num passado distante, os animais e os homens viviam em sã confraternização até que chegou a poluição, produzida pelo homem que começou por destruir aqueles que a faziam. Escusado será dizer que os homens desapareceram daquela ilha e eu dei comigo a pensar que está na hora de fazermos alguma coisa, por pequenina que seja, para acabar com tanta poluição. Não é preciso muito, bastam pequenos gestos como, por exemplo, reciclar, utilizar menos água, desligar as lâmpadas, quando não estão a ser necessárias, um sem número de pequenas coisas que ajudarão a preservar o meio ambiente e a tornar o planeta mais habitável e com pessoas e animais mais felizes.

Hugo Mendes Nº 14 6ºA

A Ilha




Um dia, quando estava na praia com os meus amigos, notámos, ao longe, na linha do horizonte, uma mancha escura, que nos pareceu ser uma ilha.
Arranjámos um barco e partimos em direcção à mancha que nos tinha chamado a atenção.
Quando lá chegámos, reparámos que a areia era fina e muito clara.
Um pouco mais à frente, vimos muitas árvores lindas a flores de imensas cores e com odores fascinantes.
A amostra era tão espectacular que decidimos ir à descoberta da ilha, coberta de coqueiros. Não tivemos de andar durante muito tempo, para descobrirmos uma casa pequena com um ar tão acolhedor que não resistimos e fomos bater à porta que foi imediatamente aberta por um menino e uma menina, ambos muito simpáticos.
Convidaram-nos a entrar, disseram chamar-se Maria e Pedro e ofereceram-nos um sumo de laranja muito delicioso. Conversa puxa conversa, os nossos anfitriões aconselharam-nos a visitar o resto da ilha que era de uma beleza sem par.
E assim fizemos.
Quando voltámos à praia, estávamos maravilhados com tudo o que tínhamos visto e fomos uma vez mais surpreendidos com a presença dos golfinhos que nadavam e faziam piruetas naquela água azul, transparente e sem poluição.
Esta foi, sem dúvida, uma das melhores aventuras que eu vivi com os meus melhores amigos.

Diana Nunes Nº 11 6º A

Operação – Destruição




Preparados? Agora… Vamos!
Olá, eu sou uma fada má e espero que tu também o sejas. Caso contrário, vais ser vítima da nossa operação que consiste em destruir tudo e mais alguma coisa: roubar doces às crianças, dinheiro a toda a gente e as caixas Multibanco.
Mas não ficamos por aqui. Vamos queimar e rasgar as roupas que estão a secar ao sol, arrancar as asas às fadas boas e retirar-lhes o pó mágico, amedrontar os bebés e, por fim, arrancar a peruca à rainha das fadas boas e, enquanto estiver distraída, roubar-lhe a varinha mágica.
Não admira que sou mesmo uma fada má e sou conhecida por “The End” – O Fim (em Português).
Será que a minha alcunha, vos ajuda a reconhecer as marotices que ando por aí a fazer?
Cuidem-se!
Eu não brinco em serviço!

Henrique Ferreira Nº 12 5ºB

Se eu fosse uma fada má…




Se eu fosse uma fada má
Incendiaria os campos
Com o meu rosto
De fogo incandescente.

Destruiria o bom e o bonito
E faria de “má –da- fita”
Tudo seria mau por causa da minha existência
E a felicidade não teria sobrevivência.

Mas como não sou uma fada má,
Nada disto acontecerá…

Luís Diogo Silva Nº 22 5ºB

segunda-feira, 16 de junho de 2008

POETA




O poeta beija tudo, graças a Deus... E aprende com as coisas a sua lição de sinceridade... E diz assim: "É preciso saber olhar..."
E pode ser, em qualquer idade, ingénuo como as crianças, entusiasta como os adolescentes e profundo como os homens feitos...
E levanta uma pedra escura e áspera para mostrar uma flor que está por detrás... E perde tempo (ganha tempo...) a namorar uma ovelha... E comove-se com cousas de nada: um pássaro que canta, uma mulher bonita que passou, uma menina que lhe sorriu, um pai que olhou desvanecido para o filho pequenino, um bocadinho de Sol depois de um dia chuvoso...
E acha que tudo é importante... E pega no braço dos homens que estavam tristes e vai passear com eles para o jardim...
E reparou que os homens estavam tristes...
E escreveu uns versos que começam desta maneira: "O segredo é amar"...

Sebastião da Gama

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Intervalo

Mais Provérbios - 5ºB



• Burro velho não aprende línguas
• A abundância não deixa dormir o rico
• A afeição cega a razão
• A água corrente esterco não consente
• A água silenciosa é a mais perigosa
• A agulha veste os outros e vive nua
• A amar e a rezar ninguém pode obrigar
• A arte é ocultar a arte
• A árvore caída todos vão buscar lenha
• A azeitona e a fortuna: umas vezes muita, outras vezes nenhuma
• A balança não conhece ouro nem chumbo
• A barca é rota: salve-se quem puder
• A beleza está nos olhos de quem a vê
• À boca da barra se perde o navio
• A bom entendedor meia palavra basta
• A brincar, a brincar vai o macaco à banana
• A cada qual dá Deus o frio conforme a roupa
• A caixa menos cheia é a que mais chocalha
• A cara que vai pedir não é a que vai pagar
• A casa do mentiroso está em cinzas e ninguém acredita
• A casa que não tem gatos tem muitos ratos
• A causa ruim palavras sem fim
• A cavalo dado não se olha o dente
• A certeza do ganho diminui a canseira
• A chuva não quebra os ossos
• A cortesia nunca é em demasia
• A Deus rezando e trabalhando
• A doença é o celeiro do médico
• A doença entra às braçadas e sai às polegadas
• A doença vem a cavalo e vai a pé
• A espada vence e a palavra convence
• A esperança é o pão dos infelizes
• À falta de capão, cebola e pão
• A fatia do pobre cai sempre com a manteiga virada para o chão
• A gratidão é a memória do coração
• A história á mais séria conselheira dos reis
• A homem farto as cerejas lhe amargam
• A hora é incerta, mas a morte é certa
• A justiça branda faz o povo rebelde
• A má erva depressa nasce e tarde envelhece
• A maçã podre estraga a companheira
• A maior ventura é a que menos dura
• A medida do ter nunca enche
• A noite é para dormir e o dia para descansar
• A noz e a castanha são de quem as apanha
• A ocasião faz o ladrão
• A paciência é amarga, mas o seu fruto é doce
• A palavra é de prata e o silêncio é de ouro
• À porta do surdo bate à vontade
• A preguiça morreu à sede perto da água
• A quem Deus não deu filhos deu o diabo sobrinhos
• A quem Deus promete largo não dá estreito
• A quem é rico não lhe faltam parentes
• A quem nada deseja nada falta
• A quem tudo quer saber dá-se-lhe o cu a lamber
• À rola e ao pardal não engana o temporal
• A verdade é manca, mas chega sempre a tempo
• A vida e a confiança só se perdem uma vez
• A viola quer-se na mão do tocador
• À vista do pano é que se faz o preço
• Abre o poço antes de que tenha sede
• Aceita o bem conforme vem
• Águas passadas não movem moinhos
• Ainda que o galo não cante, a manhã rompe sempre
• Ajuda-te que Deus te ajudará
• Albarda-se o burro à vontade do dono
• Ama a cruz que ao Céu te conduz
• Amigo certo conhece-se na hora incerta
• Amigo de mesa não é de firmeza
• Amigo não empata amigo
• Ande o frio por onde andar, no Natal vem cá parar
• Antes asno que me leve do que cavalo que me derrube
• Antes cegues que mal vejas
• Ao afortunado até os galos põem ovos
• Ao amigo que pede não se diz amanhã
• Ao casar ninguém é pobre, ao morrer ninguém é mau
• Ao diabo e à mulher nunca falta que fazer
• Ao médico, ao letrado e ao abade, falar verdade
• Ao menino e ao borracho mete Deus a mão por baixo
• Apanha com o cajado quem se mete onde não é chamado
• Aquele que foi rei terá sempre majestade
• Aquilo que sabe bem ou é pecado ou faz mal
• Arte de agradar, arte de enganar
• Às romarias e bodas vão as loucas todas
• Até ao lavar dos cestos é vindima
• Azeite, vinho e amigo, o mais antigo
• Barco de muitos mestres dá na costa
• Bastante sabe quem não sabe, se calar-se sabe
• Beleza sem bondade nem vale metade
• Bendita a ferramenta, que pesa mas alimenta
• Boa árvore não dá mau fruto
• Boa mesa, mau testamento
• Boa romaria faz quem em casa estás em paz
• Boca de mel, coração de fel
• Bocado que hás-de comer à tua mão há-de vir ter
• Boi velho, rego direito
• Bolo torto não perde o gosto
• Bom comer traz mau dormir
• Bom conselho desprezado será muito lembrado
• Bom é saber calar até ser tempo de falar
• Bom exemplo, meio sermão
• Breve cansará quem apressado começar
• Burro calado torna-se sábio
• Burro com fome até cardos come
• Cabelos compridos, ideias curtas
• Cachorro de cozinha não quer colega
• Cada cabeça sua sentença
• Cada doido tem a sua mania
• Cada terra com seu uso, cada roca com seu fuso
• Cães grandes nunca se mordem
• Caldo sem pão só no inferno o dão
• Caminha pela estrada e acharás pousada
• Caminho trilhado não cria erva
• Cantam os melros, calem-se os pardais
• Cão de boa raça, se não caça hoje amanhã caça
• Cão que ladra não morde
• Casa que não tem gato tem rato
• Casa roubada, trancas à porta
• Casamento e mortalha no céu se talha
• Cava o poço antes de ter sede
• Céu vermelho para o mar, velhas a assoar
• Com açúcar e mel até pedras sabem bem
• Com bananas e bolos é que se engana os tolos
• Com um olho no burro e outro no cigano
• Com vinagre não se apanham moscas
• Conhece-se o marinheiro quando vem a tempestade
• Consegue a raposa o que o leão não alcança
• Conselho de vinho é falso caminho
• Console-se quem pena tem, que atrás do tempo tempo vem
• Coze-se o pão enquanto o forno está quente
• Custa mais sustentar um vício do que educar um filho
• De mau grão não sai bom pão
• De pequenino é que se torce o pepino
• De rio pequeno não esperes grande peixe
• Defeito de amigo, lamento mas não digo
• Depois de fugir o coelho, todos dão conselho
• Depressa e bem há pouco quem
• Desdita e caminho fazem amigos
• Deus ajuda quem madruga
• Deus dá nozes a quem não tem dentes
• Deus escreve direito por linhas tortas
• Devagar se vai ao longe
• Devagar, que tenho pressa
• Ditados velhos são evangelhos
• É andando que o cão encontra o osso
• Em casa de ferreiro, espeto de pau
• Em casa onde entra o sol não entra o médico
• Em casa onde não á pão, todos ralham e ninguém tem razão
• Em Março chove cada dia um pedaço
• Em tempo de guerra não se limpam armas
• Em terra de cegos quem tem um olho é rei
• Encurta desejos e alongarás a vida
• Entre ser e cuidar mete-se o risco de errar
• Faz o bem sem olhares a quem
• Fiar e calar é fazer-se amar
• Fidalgo sem dinheiro, castelo sem ameias
• Filho de peixe sabe nadar
• Flor colhida, fruto perdido
• Gaiola aberta, pássaro morto
• Galinha de aldeia não quer capoeira
• Gente da cidade só em caso de necessidade
• Grandes discursos não provam grande saber
• Grão a grão enche a galinha o papo
• Guarda o que não presta, acharás o que faz falta
• Guerra, caça e amores: por um prazer cem dores
• Há mais marés que marinheiros
• Há males que vêm por bem
• Homem calado, muito cuidado
• Homem com fala de mulher nem o diabo o quer
• Homem de bem tem palavra de rei
• Homem que apanha de mulher não se queixa à polícia
• Homem velho e mulher nova, filhos até à cova
• Ladrão de tostão, ladrão de milhão
• Ler sem entender é caçar sem colher
• Lida de dia, à noite alegria
• Longe da vista, longe do coração
• Louvor humano é puro engano
• Mais anda quem tem bom vento que quem muito rema
• Mais depressa se apanha um mentiroso do que um coxo
• Mais vale acender uma vela que dizer mal da escuridão
• Mais vale perder um minuto na vida do que a vida num minuto
• Mais vale prevenir que remediar
• Mais vale um pássaro na mão do que dois a voar
• Mais vale um ruim desengano do que andar enganado toda a vida
• Mais vale uma palavra antes do que duas depois
• Mal dos outros é consolo de parvos
• Mal por mal, antes na cadeia que no hospital
• Mal vai Portugal se não há três cheias antes do Natal
• Manda e faz, servido serás
• Manda quem pode, obedece quem deve
• Menino e passarinho vão para onde lhe fazem o ninho
• Migalhas também é pão
• Mocidade ociosa, velhice trabalhosa
• Morreu o bicho, acabou-se a peçonha
• Muita parra e pouca uva
• Muito alcança quem não cansa
• Muito custa a um pobre viver e a um rico morrer
• Muito riso, pouco siso
• Na terra onde fores viver faz como vires fazer
• Não deixes para amanhã o que podes fazer hoje
• Não há carne sem osso nem fruto sem caroço
• Não há fome que não dê em fartura
• Não há fumo sem fogo
• Não há mal que sempre dure, nem bem que se não acabe
• Não há mês que não volte outra vez
• Não há rosa sem espinhos
• Não há sábado sem sol, nem domingo sem missa, nem segunda sem preguiça
• Não metas o nariz onde não és chamado
• Não ponhas o carro à frente dos bois
• Não se começa a casa pelo telhado
• Não se fala de corda em casa de enforcado
• Não se malha em ferro frio
• Não vendas a pele do urso antes de o matares
• Nem tudo o que luz é ouro
• Nem tudo o que vem à rede é peixe
• Ninguém é bom juiz em causa própria
• Ninguém é profeta na sua terra
• Ninguém nasce ensinado
• No melhor pano cai a nódoa
• Noite leve, ceia breve
• Nunca digas «desta água não beberei»
• O amigo do meu amigo meu amigo é
• O amor é como a lua: quando não cresce é forçoso que diminua
• O bom juiz ouve o que cada um diz
• O costume é rei porque faz lei
• O ferro quente malha-se de repente
• O hábito não faz o monge, mas fá-lo parecer ao longe
• O homem põe e Deus dispõe
• O lobo perde os dentes, mas não o costume
• O mais cego é aquele que não quer ver
• O óptimo é inimigo do bom
• O primeiro milho é dos pardais
• O que arde cura e o que aperta segura
• O que cedo amadurece cedo apodrece
• O que é barato sai caro e o que é bom custa dinheiro
• O que não mata engorda
• O que não se faz no dia de Santa Luzia faz-se noutro dia
• O que não tem remédio remediado está
• O que nasce torto tarde ou nunca se endireita
• O que os olhos não vêem o coração não sente
• O que se leva desta vida é a vida que a gente leva
• O saber não ocupa lugar
• Olhar do dono faz crescer a sementeira
• Os cães ladram, mas a caravana passa
• Os homens não se medem aos palmos
• Ovelha que berra bocado que perde
• Palavras loucas, orelhas moucas
• Para bom entendedor meia palavra basta
• Para campo fraco lavrador forte
• Para grandes males grandes remédios
• Passo a passo, anda-se por dia um bom pedaço
• Peixe não puxa carroça
• Pela boca morre o peixe
• Perdido por cem, perdido por mil
• Perdoa-se o mal que faz pelo bem que sabe
• Por morrer uma andorinha não se acaba a primavera
• Por muito madrugar não amanhece mais cedo
• Preso por ter cão e preso por não ter
• Primeiro a devoção depois a obrigação
• Quando a água bate na rocha, quem paga é o mexilhão
• Quando a esmola é grande o santo desconfia
• Quando a força é desigual, antes fugir que ficar mal
• Quando brilha o sol não luzem as estrelas
• Quando Deus fecha uma porta abre sempre uma janela
• Quando é velho o cão, se ladra é porque tem razão
• Quando não há pão, até migalhas vão
• Quando o mar bate na rocha, quem se lixa é o mexilhão
• Quando o mestre canta boa vai a obra
• Quando se faz uma panela faz-se o testo para ela
• Quando vem a glória vai-se a memória
• Quando vinho entra o juízo sai
• Rápida amizade arrependimento certo
• Rei faz fidalgos, mas não dá fidalguia
• Rei iletrado, jumento coroado
• Rezar ao santo até passar o barranco
• Roma e Pavia não se fizeram num dia
• Santos da casa não fazem milagres
• São mais as vozes do que as nozes
• Se Deus o marcou, defeito lhe achou
• Se não tens o que gostas, gosta do que tens
• Se queres boa fama, não te demores na cama
• Sermão sem S. Agostinho é panela sem toucinho
• Sete ofícios, catorze desgraças
• Sofrer penas não é ruim quando se espera bom fim
• Todo o burro come palha. A questão é saber dar-lha
• Trabalho de menino é pouco, mas quem o despreza é louco
• Um dia não são dias
• Uma desgraça nunca vem só
• Vão-se os anéis ficam os dedos
• Velho que morre, biblioteca que arde
• Vinho novo e pão quente são inimigos da gente
• Vozes de burro não chegam ao céu
• Zangam-se as comadres, descobrem-se as verdades
- Enquanto há saúde, quedos estão os Santos.
- A caçar e a comer não te fies no prazer.
- Quando a comida tarda, a fome é boa mostarda.
- Ao gato, por ladrão, não o tires da tua mansão.
- Bons dias em Janeiro enganaram o homem em Fevereiro.
- Quando chove em Fevereiro nem bom prado nem bom lameiro nem bom corno no carneiro.
- Um dia de festa barriga atesta.
- Fevereiro, o mais curto mês e o menos cortês.
- Vento de março, chuva de Abril, fazem Maio florir.
- A casa do amigo irás sendo requerido e a do necessitado sem ser chamado.
- A guardas do reino são o amor e o medo.
- Pescador de cana mais come que ganha, mas quando a dita corra mais ganha que come.
- Sempre cheira a panela ao primeiro legume que se mete nela.
- Se a Páscoa cai em Março é ano de mortaço.
- Não há Entrudo sem lua nova, nem Páscoa de lua cheia.
- Quando não puderes beber na fonte não bebas no ribeiro.
- Quem come a correr, do estômago vem a sofrer.
- Não metas dinheiro em saco sem veres se tem buraco.
- Língua ajuizada é sempre moderada.
- Faz bem jejuar depois do jantar.
- Ao perigo com tento, ao remédio com tempo.
- Quem em Maio relva não tem pão nem erva.
- Para o céu não se vai de carruagem.
- Não há melhor molho que o apetite.
- A gordura é a capa dos defeitos.
- Quando Maio chegar, quem não alhou há-se alhar.
- Não se há-de festejar o Santo antes do seu dia.
- Por carne, vinho e pão deixo quantos manjares no chão.
- Quem toma cautela não se queixa dela.
- O melhor da festa é esperar por ela.
- Alcança quem não descansa.
- Lua nova e lua cheia, preia-mar às duas e meia.
- A viola quer-se na mão do tocador.
- Com o que sara o fígado enferma o baço.
- Quem não pode com o tempo não inventa modas.
- A mal desesperado remédio heróico.
- Quem de salada não bebe, não sabe o bem que perde.
- Quem faz pelas coisas há-as.
- Cura o mal em jejum, o catarro será pouco ou nenhum.
- Boas sopas se farão com bom adubo e bom pão.
- Riqueza a valer e saúde e saber.
- Não comas mel onde água não houver.
- O que no leite se mama na mortalha se derrama.
- Moço de bom juízo, quando velho é adivinho.
- Quem não quer quando pode, não pode quando quer.
- Quem bem faz, para si faz.
- Arrenegai o velho que não adivinha.
- Vê-se na adversidade o que vale a amizade.
- Onde sobeja a água falta saúde.
- Faz conta com o hóspede e virás quanto te fica.
- Bolo torto não perde o gosto.
- Caldo sem pão só no inferno o dão.
- Depois de jantar dormir, depois de cear passos mil.
- Do saber nascem cuidados.
- Quem semeia ventos colhe tempestades.
- Fazer bem sem olhar a quem.
- De livro fechado não sai letrado.
- Guarda o que não presta, terás o que é preciso.
- Para grandes males, grandes remédios.
- No poupar é que está o ganho.
- As paredes têm ouvidos.
- A mentira só dura enquanto a verdade não chega.
- Amigo do teu amigo, teu amigo é.
- Quem meu filho beija, minha boca adoça.
- Amor com amor se paga, e com desdém se paga também.
- Não é com vinagre que se matam moscas.
- Devagar se vai ao longe.
- Atrás do tempo tempo vem.
- No dia de S. Martinho vai à adega e prova o vinho.
- Grão a grão enche a galinha o papo.
- Em terra de cegos quem tem um olho é rei.
- A ocasião faz o ladrão.
- Entre marido e mulher não se mete a colher.
- Em casa de ferreiro espeto de pau.
- A tua fama longe soa e mais que depressa que a boa.
- Se queres que o teu filho cresça, lava-lhe o corpo e rapa-lhe a cabeça.
- Em Abril águas mil.
- Nem tudo o que reluz é ouro.
- Cada terra com seu uso, cada roca com seu fuso.
- O homem põe e Deus dispõe.
- As aparências iludem.
- Brigam as comadres aparecem as verdades.
- A vaca da minha vizinha, dá mais leite do que a minha.
- Cão que ladra não morde.
- Para bom entendedor meia palavra basta.
- Março marçagão, de manhã inverno, à tarde verão.
- Caminho começado é meio caminho andado.
- Uma palavra custa pouco e vai longe.
- Aproveita-te do que diz o velho e valerá por dois o teu conselho.
- O estrume não é santo, mas faz milagres.
- A razão tira o medo.
- Aprende por arte e irás por diante.
- Cardo que há-de picar, nasce logo com espinhos.
- Nem sempre o mudar do tempo muda o conselho.
- Ao jogo se ganha e ao jogo se perde.

segunda-feira, 19 de maio de 2008

"Ulisses" - Maria Alberta Menéres

Recolha de provérbios - 5ºB


Cada terra com seu uso, cada roca com seu fuso.
Os homens não se medem aos palmos.
Amigo do meu amigo meu amigo é.
Desmanchar e fazer, tudo é aprender.
Cada um sabe de si e Deus sabe de todos.
Dá Deus nozes a quem não tem dentes.
Ao menino e ao borracho põe-lhes Deus a mão por baixo.
Para bom entendedor meia palavra basta.
Água mole em pedra dura tanto dá até que fura.
Guarda que comer, não guardes que fazer.
De livro fechado, não sai letrado.
Diz-me com quem andas, dir-te-ei quem és.
Não é com vinagre que se apanham moscas.
Antes quero asno que me leve que cavalo que me derrube.
Fazer bem sem olhar a quem.
Junta-te aos bons, serás como eles. Junta-te aos maus, serás pior que eles.
Apanha com o cajado quem se mete onde não é chamado.
Para grandes males, grandes remédios.
As paredes têm ouvidos.
No poupar é que vai o ganho.
Não há fome que não dê em fartura.
Mais vale tarde do que nunca.
Mais vale um pássaro na mão do que dois a voar.
Não peças a quem pediu nem sirvas a quem serviu.
Grão a grão enche a galinha o papo.
Agosto nos farta! Agosto nos mata!
Em Abril águas mil.
Em Maio queima a velha o talho.
O trabalho é a fonte de todas as riquezas.
A verdade é como o azeite, vem sempre à tona da água.

Provérbios Portugueses começados por Quem...



Quem Agosto ara, riqueza prepara.
Quem não debulha em Agosto, debulha com mau rosto.
Quem dormir ao sol de Agosto, passa por desgosto.
Quem planta no Outono, leva um ano de abono.
Quem poda sem colete, vindima sem cesta.
Quem vareja antes do Natal, deixa azeite no olival.
Quem vai ao S. Silvestre, vai num ano, vem no outro e não se despe.
Quem foge dos seus dos alheios é escornado.
Quem se obriga a amar, obriga-se a padecer.
Quem é desconfiado não é fiel.
Quem dá o beijo, dá o queijo.
Quem quiser saber as coisas, vá à forja do ferreiro, dê a volta pelo forno e venha pelo fiadeiro.
Quem tem unhas toca viola.
Quem é teu inimigo? O oficial do teu ofício.
Quem se deita em pipas, amanhece em fontes.
Quem não o gasta em, vinho vai-se por outro caminho.
Quem quer o bom cão de caça procura-lhe a raça.
Quem longe vai à boda, no caminho a larga toda.
Quem vai à boda leva que coma.
Quem longe vai casar, ou se engana ou vai enganar.
Quem come caldo no Entrudo, é comido dos mosquitos em S. João.
Quem come e não convida, trás o diabo na barriga.
Quem se carrega de nabos, carrega-se de diabos.
Quem dia de Entrudo não merenda, aos mortos se encomenda.
Quem se muda Deus o ajuda ... e o diabo empurra.
Quem nunca se aventurou, nunca perdeu nem ganhou.
Quem as faz paga-as.
Quem as fez que as desfaça.
Quem a ferros mata, a ferros morre.
Quem é picado e não se sente, não é de boa gente.
Quem com Deus anda, Deus lhe alumia.
Quem paga o que deve sabe o que lhe fica.
Quem o alheio veste, na praça o despe.
Quem dois desejos quer ter, um deles há-de perder.
Quem compra sem ter, vende sem querer.
Quem desdenha, quer comprar.
Quem não vai à guerra não morre nela.
Quem tem mazela tudo lhe dá nela.
Quem quer ver se a raposa dá leite, é olhar-lhe p’rás barbas.
Quem canta seu mal espanta, quem chora mais o aumenta.
Quem se cura, não se regala.
Quem compra ruim pano, veste duas vezes no ano.
Quem se mata morre cedo.
Quem conta um conto, aumenta sempre um ponto.
Quem neste mundo quiser andar é ver, ouvir e calar.
Quem cala, vence sempre.
Quem desdenha quer comprar.
Quem cabritos vende e cabras não tem, dalgum lado lhe vem.
Quem dá e tira ao Inferno gira.
Quem dá e tira é ladrão.
Quem não tem vergonha todo o mundo é seu.
Quem tem vergonha passa mal.
Quem tem boca não diz assopra.
Quem está de fora racha lenha.
Quem não quer ser lobo, não lhe veste a pele.
Quem dá parece-se com Deus.
Quem dá aos pobres, empresta a Deus.
Quem vai a pedir não vai a fugir.
Quem não tem dinheiro não tem vícios.
Quem dá o que tem a pedir vem.
Quem dá o que é seu a quem bem o entende, não o dá, que bem o vende.
Quem dá depressa, dá duas vezes.
Quem à hora não vier, comerá do que trouxer.
Quem a Santos promete, em divida se mete.
Quem não pode não promete.
Quem guarda o que não presta tem o que lhe faz falta.
Quem não poupa sal nem lenha, não poupa coisa que tenha.
Quem emprestou, nunca melhorou.
Quem muito reza, muito peca.
Quem muito fala, muito erra.
Quem quer vai, quem não quer manda.
Quem urde e tece, tudo lhe cresce.
Quem se mata morre cedo.
Quem se mete por atalhos, não se livra de trabalhos.
Quem porfia, mata caça.
Quem de novo baila bem, de velho seu jeito tem.
Quem de novo não vai, de velho não escapa.
Quem não se sente não é filho de boa gente.
Quem cedo vai, cedo vem.
Quem a boa árvore se abriga, boa sombra o cobre.
Quem tem burro e anda a pé, mais burro é.
Quem come e guarda, duas vezes põe a mesa.
Quem dos seus se arreda, dos alheios lhe vem mal.
Quem não trabuca, não manduca.
Quem dois senhores espera um diabo aparece.
Quem a comer sua, a trabalhar amua.
Quem promete na quarta e vem na quinta, não é falta que se sinta.
Quem faz rocas morre logo.
Quem não cava não come ovos.
Quem é burro vai para pedreiro.
Quem bate à porta quer beber.
Quem mais tem mais quer.
Quem não gosta não come.
Quem um bem quer outro tem que perder.
Quem muito dorme, pouco aprende.
Quem de pobre não passa a rico não chega.
Quem não vai a palavra não vai a pancada.
Quem tem boca vai a Roma.
Quem foge também se agarra.
Quem tem brio, não tem frio.
Quem torto nasce, tarde e mal, nunca se endireita.
Quem não anda à chuva, não se molha.
Quem tem medo, fica em casa ou (chama um cão).
Quem bem se quer, no caminho se encontra.
Quem tem capa sempre escapa.
Quem a não tem escapa também.
Quem tempo tem e tempo espera, tempo que o diabo lhe leva.
Quem não tem pão escusa cão.
Quem tem vergonha passa mal.
Quem vacas gabou, nunca bois tocou.
Quem vai à adega e não bebe é roda que perde.
Quem estima o seu louro (boi) estima o seu ouro.
Quem faz um cesto faz um cento, se lhe derem verga e tempo.
Quem bem nada não se afoga.
Quem vai à festa, três dias não presta.
Quem dá o seu antes que morra, merece com uma cachaporra.
Quem não está bem muda-se.
Quem troca odre por odre, algum deles sai podre.
Quem lhe comeu a carne que lhe coma os ossos.
Quem foi ao vento, perdeu o assento.
Quem veio do mar, tornou-os achar.
Quem é guarda de muitas vinhas nenhuma pode guardar.
Quem passarinhos receia. milho não semeia.
Quem me quer bem diz-me do que sabe e dá-me do que tem
Quem anda cego de amores não verá senão paredes.
Quem casa a correr. toda a vida tem para se arrepender.
Quem segue um mocho vai ter a ruínas.
Quem em velho engorda de boa mocidade se logra.
Quem envelhece arrefece.
Quem em novo não trabalha em velho dor¬me numa palha.
Quem ao digno fez bem, fê-lo a ele e a si também.
Quem com ferros mata, com ferros morre.
Quem não aceita conselhos não merece ajuda.
Quem escuta de si ouve.
Quem não tem oficio, não tem beneficio.
Quem sempre traz má cor, nem é médico nem doutor.
Quem bem urina escusa medicina.
Quem ceia e se vai deitar, má noite há-de passar.
Quem cedo adenta cedo aparenta.
Quem come a correr, do estômago vem a sofrer.
Quem má boca tem. má costela faz.
Quem se cura não se regale.
Quem tem doença abra a bolsa e tenha paciência.
Quem não anda por frio e por sol não faz seu prol.
Quem não marralha não junta palha.
Quem não trabuca não manduca.
Quem procura sempre acha, se não é um prego é uma tacha.
Quem quer vai quem não quer manda.
Quem tem preguiça nas pernas, ganha ferru¬gem nos dentes.
Quem tem pronta a língua, não tem prontas as mãos.
Quem urde e tece tudo lhe cresce.
Quem é mau na sua vila pior será em Sevilha.
Quem nunca viu Sevilha nunca viu maravilha.
Quem viu Goa não precisa ver Lisboa.
Quem ama a Beltrão ama a seu cão.
Quem se encosta ao ferro, enferruja-se.
Quem com cães se deita, com pulgas se levanta.
Quem muito fala pouco acerta.
Quem canta seu mal espanta.
Quem não se sente não é filho de boa gente.
Quem poupa mata caça.
Quem tem canseiras não dorme.
Quem dá o que tem a pedir vem.
Quem dá o que tem antes que morra merece com uma cachaporra.
Quem de bom se faz as abelhas o comem.
Quem o inimigo poupa aos pés lhe morre.
Quem ventos semeia tempestades recolhe.
Quem o alheio veste na praça o despe.
Quem sai aos seus se sai não degenera.
Quem corre por gosto não cansa.
Quem não tem que fazer faz colheres de pau.
Quem alto quer subir ao mais baixo vem cair.
Quem tem amigos, não morre na cadeia.
Quem dá aos pobres, empresta a Deus.
Quem não chora não mama.
Quem cedo madruga, Deus ajuda.
Quem espera, desespera.
Quem espera sempre alcança.
Quem andou, não tem para andar.
Quem de novo não morre, de velho não escapa.
Quem espera por sapatos de defunto, anda toda a vida descalço.
Quem vai ao mar, prepara-se em terra.
Quem muito sabe amiúde se engana.
Quem o feio ama, bonito lhe parece.
Quem casa quer casa.
Quem anda à chuva molha-se.
Quem muito dorme pouco aprende.
Quem tem muito riso tem pouco siso.
Quem mais tem mais quer.
Quem tem burro e anda a pé ainda mais burro é.
Quem nunca se aventurou nem perdeu nem ganhou.
Quem muito promete muito falta.
Quem com cães se deita com pulgas se levanta.
Quem não é para comer não é para trabalhar.
Quem conta um conto, acrescenta-lhe um ponto.
Quem se veste de ruim pano, veste-se duas vezes no ano.
Quem tarde vier comerá do que trouxer.
Quem dá e torna a tirar ao inferno vai parar.
Quem dá e tira para o Inferno gira
Quem ao tasco vai comer duas casas vai manter.
Quem não tem cão caça com gato.
Quem não quer ser lobo não lhe veste a pele.
Quem não sabe fazer, não sabe mandar.
Quem não tem o sermão, não teme o bordão.
Quem mais jura mais mente.
Quem vai à guerra dá e leva.
Quem procura sempre encontra.
Quem com ferros mata com ferros morre.
Quem é desconfiado não é fiel.
Quem tem unhas toca guitarra.
Quem vai ao mar perde o lugar.
Quem dá o pão, dá a criação.
Quem não trabuca, não manduca.
Quem tem telhados de vidro não pode atirar pedradas.
Quem tudo quer saber nada se lhe diz.
Quem tem medo compra um cão.
Quem torto nasce tarde ou nunca se endireita.
Quem parte e reparte e não fica com a melhor parte ou é tolo ou não tem arte.
Quem não come por já ter comido, não há nada perdido.
Quem casa não pensa, quem pensa não casa.
Quem tudo quer tudo perde.
Quem trabalha Deus ajuda.
Quem mal ou bem fizer a cama, nela se deita.
Quem te avisa teu amigo é.
Quem tem vergonha passa mal.
Quem se mete em atalhos nunca se livra de trabalhos.
Quem se mete em atalhos mete-se em trabalhos.
Quem brinca com fogo, queima as mãos.
Quem nunca comeu até os dedos lambuza.
Quem tem fama deita-se na cama.
Quem nada cria nada tem.
Quem não arrisca não petisca.
Quem vier atrás que feche a porta.
Quem que vai, quem não quer manda.
Quem estraga velho paga novo.
Quem cala consente.
Quem desdenha quer comprar.
Quem meu filho beija minha boca adoça.
Quem paga adiantado é mal servido.
Quem não deve não teme.
Quem dorme com crianças acorda molhado.
Quem com garotos se deita cagado se levanta.
Quem paga o que deve sabe o que lhe fica.
Quem se abaixa todos lhe vêm ao rabo.
Quem não te conhecer que te compre.
Quem quer a bolota trepa.
Quem não vê não peca.
Quem não sabe é como quem não vê.
Quem nasceu para tostões não chega a milhões.
Quem vê caras não vê corações.
Quem tem sarna coça-se.

domingo, 18 de maio de 2008

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Quando eu nasci


Quando eu nasci,
ficou tudo como estava,

nem homens cortaram veias,
nem o Sol escureceu,
nem houve Estrelas a mais…
Somente,
esquecida das dores,
a minha Mãe sorriu e agradeceu.

Quando eu nasci,
não houve nada de novo
senão eu.

As nuvens não se espantaram,
não enlouqueceu ninguém…

Pra que o dia fosse enorme,
bastava
toda a ternura que olhava
nos olhos da minha Mãe…

Sebastião da Gama

Na Idade dos Porquês




Professor diz-me porquê?
Por que voa o papagaio
que solto no ar
que vejo voar
tão alto no vento
que o meu pensamento
não pode alcançar?
Professor diz-me porquê?
Por que roda o meu pião?
Ele não tem nenhuma roda
E roda gira rodopia
e cai morto no chão…
Tenho nove anos professor
e há tanto mistério à minha roda
que eu queria desvendar!
Por que é que o céu é azul?
Por que é que marulha o mar?
Porquê?
Tanto porquê que eu queria saber!
E tu que não me queres responder!
Tu falas falas professor
daquilo que te interessa
e que a mim não interessa.
Tu obrigas-me a ouvir
quando eu quero falar.
Obrigas-me a dizer
quando eu quero escutar.
Se eu vou a descobrir
Fazes-me decorar.
É a luta professor
a luta em vez de amor.
Eu sou uma criança.
Tu és mais alto
mais forte
mais poderoso.
E a minha lança
quebra-se de encontro à tua muralha.
Mas
enquanto a tua voz zangada ralha
tu sabes professor
eu fecho-me por dentro
faço uma cara resignada
e finjo
finjo que não penso em nada.
Mas penso.
Penso em como era engraçada
aquela rã
que esta manhã ouvi coaxar.
Que graça que tinha
aquela andorinha
que ontem à tarde vi passar!…
E quando tu depois vens definir
o que são conjunções
e preposições…
quando me fazes repetir
que os corações
têm duas aurículas e dois ventrículos
e tantas
tanta mais definições…
o meu coração
o meu coração que não sei como é feito
nem quero saber
cresce
cresce dentro do peito
a querer saltar cá para fora
professor
a ver se tu assim compreenderias
e me farias
mais belos os dias.

Alice Gomes

Pinguim


Pin… guim!
Pin… guim!
vai devagar
marca o compasso


Pin… guim!
Pata aqui
Pata ali
acerta o passo

veste sempre de cerimónia
camisa branca
casaca preta
sem uma prega
no colarinho

Pinguim!
Pinguim!
Parece um homezinho…





Alice Gomes

domingo, 11 de maio de 2008

Dia Do Livro




Abre-se o livro
Em qualquer página
Cabe nele a sabedoria,
O romance e a poesia,
Cabe nele o conhecimento
E a luz que vem do pensamento
Cabe nele tudo o que somos
Desde que gostemos de ler
Porque ler é aprender,
Sendo também liberdade e prazer
Cabe nele o mundo inteiro,
Escrito em computador
Ou com tinta de tinteiro,
E de tudo isso falará neste dia.
O leitor verdadeiro;
Que do livro, por ser livro
Será sempre um amigo e companheiro.

José Jorge Letria

quinta-feira, 8 de maio de 2008

À MESA



A mãe, se me vê
comer com a mão,
prega-me logo
uma lição.
Então tentei
comer com o pé:
Tirei sapato,
tirei a meia...
Ia levando uma tareia.
Mas amanhã
não ralham comigo
pois vou comer
pelo umbigo.

Luísa Ducla Soares

O que está na varanda?


O que está na varanda?
Uma fita de ganga
O que está na panela?
Uma fita amarela
O que está no poço?
Uma casca de tremoço
O que está no telhado?
Um gato malhado
O que está na chaminé?
Uma caixa de rapé
O que está na rua?
Uma espada nua
O que está atrás da porta
Uma vara torta
O que está no ninho?
Um passarinho
Deixa-o no morno
Dá-lhe pãozinho.

O Casamento da Franga




Diz o Galo
Para a Galinha:
- Quando casaremos
A nossa filhinha?
Casaremos
Ou não casaremos:
Agora o noivo
D'onde o arranjaremos?

Salta o Gato
Do seu mural:
"Eu estou pronto
Para me casar."
- Agora o noivo
Já nós cá temos;
Agora a madrinha
D'onde a arranjaremos?

Salta a Cabra
Da sua casinha:
"Eu estou pronta
P'ra ser a madrinha."
-Agora a madrinha
Já nós cá temos;
Agora o padrinho
D'onde o arranjaremos?

Salta o Rato
Do seu buraquinho:
"Eu estou pronto
P'ra ser o padrinho."
- Agora o padrinho
já nós cá temos;
Agora o padre
D'onde o arranjaremos?

Salta o Escaravelho
Do seu escaravelhar
"Eu estou pronto
Para os ir casar."
- Agora o padre
Já nós cá temos:
Agora o chibo
D'onde o arranjaremos?

Salta o Lobo
Do seu lobal:
"Eu estou pronto
P´ró chibo dar."
Chibo já nós cá temos;
Agora o vinho
D'onde o arranjaremos?

Salta o Mosquito
Do seu mosquital:
"Eu estou pronto
P'ró o vinho dar."
- Agora o vinho
Já nós cá temos;
Agora o trigo
D'onde o arranjaremos?

Salta o Pardal,
Do seu ninho estar:
"eu estou pronto
P'ra o trigo dar"

Acabou-se a boda
Com tal desatino;
Veio o noivo
Engoliu o padrinho.

Jaime Cortesão

Mar Português




Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!

Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma nao é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.

Fernando Pessoa, in Mensagem

Os Retratos



Olha o meu avô
Em Àfrica a caçar
E a minha prima
Que se foi casar
Numa igreja de espantar,
P'rós lados de Tomar.
Olha a minha mãe
vestida de princesa,
De um azul-turquesa
A brincar ao carnaval
Numa Gôndola em Veneza.
Olha a minha cara
Num biombo de feira
Com cabeça de soldado
E corpo de lavadeira.

José Jorge Letria

O Tesouro Dos Sentidos


Quem peso tem um bocado?
Mãe sabes-me dizer?
E um triz, quanto é que mede?
Alguém me faz entender?

Quem é que é o destino?
Porque tem tanto poder?
Um ápice é quanto tempo?
Isso queria eu saber!

E isso de me pôr fino?
Não fica magro quem quer!
Como é que se dá o litro?
É num frasco ou à colher?

Como é que só tenho sete olhos?
Se só dois consigo ver?
Camisas de sete varas?
Não consigo compreender!

Se me falta um parafuso?
Não me lembro de o perder…
Tenho a cabeça na lua?
Quem me dera a mim poder!

E os bichos-carpinteiros?
Quem é que dá de comer?
Como é que um alho é esperto?
Lá isso não pode ser!

Eu acho que há expressões
Que são casarões antigos,
Que escondem nos alçapões
O tesouro dos sentidos.


De José Guedes

terça-feira, 6 de maio de 2008

Gémeos




Do Pedro e do Paulo
Sou uma grande amiga,
Distinguir os dois
É que não consigo

Têm olhos iguais
Sorriso feliz,
Ambos sem um dente
Sardos no nariz.

Digo: «Olá, Pedro!»
Não é ele. É o mano
«Ò Paulo, anda cá!»
E outra vez me engano
Porque era o irmão
Isto de serem gémeos
É uma confusão.

Autor: Vinicíus de Morais

segunda-feira, 5 de maio de 2008

A MAGIA DA LEITURA




Abrir um livro
é ler as páginas inteiras
como quem percorre
inteira,
pelas ruas,
uma cidade

e ter a certeza
de que é possível
encontrar a liberdade

Essa coisa com sabor
A laranja apetecida,
Que na prática
As regras não são de gramática,
Mas da vida.

José Alberto Marques, A Gramática a Rimar

Retrato



Cecília Meireles

Gengis Khan


Aí está ele, passando revista às tropas

Com a sua armadura reluzente.

Os seus pés levantam ondas de poeira

E ninguém ousa fitá-lo de frente.


Na sua couraça quebram-se as lanças inimigas

E um gesto seu põe em fuga um exército inteiro

… Mas não pode dobrar-se para apanhar uma flor

Nem coçar as costas, o poderoso cavaleiro.

Álvaro de Magalhães

MÚSICA



Paulina toca piano
e Virgílio, violino.
Toca Tomás o tambor
e o sacristão toca o sino.
Eu toco à porta da rua,
para irritar a vizinha,
quarenta vezes seguidas
o botão da campainha.

Luísa Ducla Soares

Tabuada dos Dois



- Dois vezes um dois.
Carrega-me com os bois.


Dois vezes dois quatro.
Engraxa-me os sapatos.

Dois vezes três seis.
Ganhas uns vinténs.

Dois vezes quatro oito.
Talvez sete ou oito.

Dois vezes cinco dez.
Escova os canapés.

Dois vezes seis doze.
Afinal dou-te onze.

Dois vezes sete catorze.
Nem onze nem doze.

Dois vezes oito dezasseis.
Só te dou é seis.

Dois vezes nove dezoito.
Faço-te num oito.

Dois vezes dez vinte.
Chega de preguiça.

Não sou tua criada.
Só te dou de meu
esta rima errada.

João Pedro Messeder, Versos com Reversos, Caminho

CASAMENTO



Casei um cigarro
com uma cigarra,
fizeram os dois
tremenda algazarra
porque o cigarro
não sabe cantar
e a cigarra
detesta fumar.
Não digam que errei
(mania antipática!)
só cumpri a lei
que manda a gramática.

Luísa Ducla Soares

Flor de ventura




A flor de ventura

Que amor me entregou,

Tão bela e tão pura

Jamais a criou:



Não brota na selva

De inculto vigor,

Não cresce entre a relva

De virgem frescor;



Jardins de cultura

Não pode habitar

A flor de ventura

Que amor me quis dar.



Semente é divina

Que veio dos Céus;

Só n’alma germina

Ao sopro de Deus.



Tão alva e mimosa

Não há outra flor;

Uns longes de rosa

Lhe avivam a cor;



E o aroma... Ai!, delírio

Suave e sem fim!

É a rosa, é o lírio,

É o nardo, o jasmim;



É um filtro que apura,

Que exalta o viver,

E em doce tortura

Faz de ânsias morrer.



Ai!, morrer... que sorte

Bendita de amor!

Que me leve a morte

Beijando-te, flor.

BALADA DA NEVE




Batem leve, levemente,
como quem chama por mim.
Será chuva? Será gente?
Gente não é, certamente
e a chuva não bate assim.

É talvez a ventania:
mas há pouco, há poucochinho,
nem uma agulha bulia
na quieta melancolia
dos pinheiros do caminho...

Quem bate, assim, levemente,
com tão estranha leveza,
que mal se ouve, mal se sente?
Não é chuva, nem é gente,
nem é vento com certeza.

Fui ver. A neve caía
do azul cinzento do céu,
branca e leve, branca e fria...
Há quanto tempo a não via!
E que saudades, Deus meu!

Olho-a através da vidraça.
Pôs tudo da cor do linho.
Passa gente e, quando passa,
os passos imprime e traça
na brancura do caminho...

Fico olhando esses sinais
da pobre gente que avança,
e noto, por entre os mais,
os traços miniaturais
duns pezitos de criança...

E descalcinhos, doridos...
a neve deixa inda vê-los,
primeiro, bem definidos,
depois, em sulcos compridos,
porque não podia erguê-los!...

Que quem já é pecador
sofra tormentos, enfim!
Mas as crianças, Senhor,
porque lhes dais tanta dor?!...
Porque padecem assim?!...

E uma infinita tristeza,
uma funda turbação
entra em mim, fica em mim presa.
Cai neve na Natureza
e cai no meu coração.

Augusto Gil

Gatos




Gato dos quintais,
gato dos portões,
gato dos quartéis,
gato das pensões.

Vêm da Índia, da Pérsia,
de Ninive, Alexandria.
Vêm do lado da noite
do oiro e rosa do dia.

Gato das duquesas,
gato das meninas,
gato das viúvas,
gato das ruínas.

Gatos e gatos e gatos.
Arre, que já estamos fartos!

Eugénio de Andrade

Frutos


Pêssegos, peras, laranjas,

morangos, cerejas, figos,

maçãs, melão, melancia,

ó música dos meus sentidos,

pura delícia da língua;

deixai-me agora falar

do fruto que me fascina,

pelo sabor, pela cor,

pelo aroma das sílabas:

tangerina, tangerina.

Eugénio de Andrade

POEMA EM G



Graça não gosta da guerra.
Guilherme não gosta da guerra.
Guida não gosta da guerra.
A guerra matou-lhes o pai.
A guerra queimou-lhes a casa.
A guerra espantou-lhes o gado.
Graça, Guilherme, Guida gritam.
As granadas estoiram.
Agora o sangue irriga as ruas.
Graça, Guilherme, Guida
querem gritarà gente grande
que se fica sempre a perder,
mesmo que os generais
ganhem as guerras.

Luísa Ducla Soares

Tabacaria





Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.


Janelas do meu quarto,
Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é
(E se soubessem quem é, o que saberiam?),
Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,
Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,
Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,
Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,
Com a morte a por umidade nas paredes e cabelos brancos nos homens,
Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada.


Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade.
Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer,
E não tivesse mais irmandade com as coisas
Senão uma despedida, tornando-se esta casa e este lado da rua
A fileira de carruagens de um comboio, e uma partida apitada
De dentro da minha cabeça,
E uma sacudidela dos meus nervos e um ranger de ossos na ida.


Estou hoje perplexo, como quem pensou e achou e esqueceu.
Estou hoje dividido entre a lealdade que devo
À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora,
E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro.


Falhei em tudo.
Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada.
A aprendizagem que me deram,
Desci dela pela janela das traseiras da casa.
Fui até ao campo com grandes propósitos.
Mas lá encontrei só ervas e árvores,
E quando havia gente era igual à outra.
Saio da janela, sento-me numa cadeira. Em que hei de pensar?


Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?
Ser o que penso? Mas penso tanta coisa!
E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos!
Gênio? Neste momento
Cem mil cérebros se concebem em sonho gênios como eu,
E a história não marcará, quem sabe?, nem um,
Nem haverá senão estrume de tantas conquistas futuras.
Não, não creio em mim.
Em todos os manicômios há doidos malucos com tantas certezas!
Eu, que não tenho nenhuma certeza, sou mais certo ou menos certo?
Não, nem em mim...
Em quantas mansardas e não-mansardas do mundo
Não estão nesta hora gênios-para-si-mesmos sonhando?
Quantas aspirações altas e nobres e lúcidas -
Sim, verdadeiramente altas e nobres e lúcidas -,
E quem sabe se realizáveis,
Nunca verão a luz do sol real nem acharão ouvidos de gente?
O mundo é para quem nasce para o conquistar
E não para quem sonha que pode conquistá-lo, ainda que tenha razão.
Tenho sonhado mais que o que Napoleão fez.
Tenho apertado ao peito hipotético mais humanidades do que Cristo,
Tenho feito filosofias em segredo que nenhum Kant escreveu.
Mas sou, e talvez serei sempre, o da mansarda,
Ainda que não more nela;
Serei sempre o que não nasceu para isso;
Serei sempre só o que tinha qualidades;
Serei sempre o que esperou que lhe abrissem a porta ao pé de uma parede sem porta,
E cantou a cantiga do Infinito numa capoeira,
E ouviu a voz de Deus num poço tapado.
Crer em mim? Não, nem em nada.
Derrame-me a Natureza sobre a cabeça ardente
O seu sol, a sua chuva, o vento que me acha o cabelo,
E o resto que venha se vier, ou tiver que vir, ou não venha.
Escravos cardíacos das estrelas,
Conquistamos todo o mundo antes de nos levantar da cama;
Mas acordamos e ele é opaco,
Levantamo-nos e ele é alheio,
Saímos de casa e ele é a terra inteira,
Mais o sistema solar e a Via Láctea e o Indefinido.


(Come chocolates, pequena;
Come chocolates!
Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates.
Olha que as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria.
Come, pequena suja, come!
Pudesse eu comer chocolates com a mesma verdade com que comes!
Mas eu penso e, ao tirar o papel de prata, que é de folha de estanho,
Deito tudo para o chão, como tenho deitado a vida.)


Mas ao menos fica da amargura do que nunca serei
A caligrafia rápida destes versos,
Pórtico partido para o Impossível.
Mas ao menos consagro a mim mesmo um desprezo sem lágrimas,
Nobre ao menos no gesto largo com que atiro
A roupa suja que sou, em rol, pra o decurso das coisas,
E fico em casa sem camisa.


(Tu que consolas, que não existes e por isso consolas,
Ou deusa grega, concebida como estátua que fosse viva,
Ou patrícia romana, impossivelmente nobre e nefasta,
Ou princesa de trovadores, gentilíssima e colorida,
Ou marquesa do século dezoito, decotada e longínqua,
Ou cocote célebre do tempo dos nossos pais,
Ou não sei quê moderno - não concebo bem o quê -
Tudo isso, seja o que for, que sejas, se pode inspirar que inspire!
Meu coração é um balde despejado.
Como os que invocam espíritos invocam espíritos invoco
A mim mesmo e não encontro nada.
Chego à janela e vejo a rua com uma nitidez absoluta.
Vejo as lojas, vejo os passeios, vejo os carros que passam,
Vejo os entes vivos vestidos que se cruzam,
Vejo os cães que também existem,
E tudo isto me pesa como uma condenação ao degredo,
E tudo isto é estrangeiro, como tudo.)


Vivi, estudei, amei e até cri,
E hoje não há mendigo que eu não inveje só por não ser eu.
Olho a cada um os andrajos e as chagas e a mentira,
E penso: talvez nunca vivesses nem estudasses nem amasses nem cresses
(Porque é possível fazer a realidade de tudo isso sem fazer nada disso);
Talvez tenhas existido apenas, como um lagarto a quem cortam o rabo
E que é rabo para aquém do lagarto remexidamente


Fiz de mim o que não soube
E o que podia fazer de mim não o fiz.
O dominó que vesti era errado.
Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.
Quando quis tirar a máscara,
Estava pegada à cara.
Quando a tirei e me vi ao espelho,
Já tinha envelhecido.
Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que não tinha tirado.
Deitei fora a máscara e dormi no vestiário
Como um cão tolerado pela gerência
Por ser inofensivo
E vou escrever esta história para provar que sou sublime.


Essência musical dos meus versos inúteis,
Quem me dera encontrar-me como coisa que eu fizesse,
E não ficasse sempre defronte da Tabacaria de defronte,
Calcando aos pés a consciência de estar existindo,
Como um tapete em que um bêbado tropeça
Ou um capacho que os ciganos roubaram e não valia nada.


Mas o Dono da Tabacaria chegou à porta e ficou à porta.
Olho-o com o desconforto da cabeça mal voltada
E com o desconforto da alma mal-entendendo.
Ele morrerá e eu morrerei.
Ele deixará a tabuleta, eu deixarei os versos.
A certa altura morrerá a tabuleta também, os versos também.
Depois de certa altura morrerá a rua onde esteve a tabuleta,
E a língua em que foram escritos os versos.
Morrerá depois o planeta girante em que tudo isto se deu.
Em outros satélites de outros sistemas qualquer coisa como gente
Continuará fazendo coisas como versos e vivendo por baixo de coisas como tabuletas,


Sempre uma coisa defronte da outra,
Sempre uma coisa tão inútil como a outra,
Sempre o impossível tão estúpido como o real,
Sempre o mistério do fundo tão certo como o sono de mistério da superfície,
Sempre isto ou sempre outra coisa ou nem uma coisa nem outra.


Mas um homem entrou na Tabacaria (para comprar tabaco?)
E a realidade plausível cai de repente em cima de mim.
Semiergo-me enérgico, convencido, humano,
E vou tencionar escrever estes versos em que digo o contrário.


Acendo um cigarro ao pensar em escrevê-los
E saboreio no cigarro a libertação de todos os pensamentos.
Sigo o fumo como uma rota própria,
E gozo, num momento sensitivo e competente,
A libertação de todas as especulações
E a consciência de que a metafísica é uma conseqüência de estar mal disposto.


Depois deito-me para trás na cadeira
E continuo fumando.
Enquanto o Destino mo conceder, continuarei fumando.


(Se eu casasse com a filha da minha lavadeira
Talvez fosse feliz.)
Visto isto, levanto-me da cadeira. Vou à janela.
O homem saiu da Tabacaria (metendo troco na algibeira das calças?).
Ah, conheço-o; é o Esteves sem metafísica.
(O Dono da Tabacaria chegou à porta.)
Como por um instinto divino o Esteves voltou-se e viu-me.
Acenou-me adeus, gritei-lhe Adeus ó Esteves!, e o universo
Reconstruiu-se-me sem ideal nem esperança, e o Dono da Tabacaria sorriu.

Álvaro de Campos

domingo, 4 de maio de 2008

Poema à Mãe


Dia da mãe ?
Mas por quê?
Pois se ela, todo o ano,
nos dá amor e carinho,
nos ampara, nos afaga
e nos dá tudo o que tem.

Sim, por que só nesse dia
nós lhe mostramos interesse?
A mãe merece presentes,
merece beijos, abraços,
caricias e muito mais.

Por isso nós dia a dia
vamos-lhe passar a dar,
com bondade, amor profundo.

Tendo sempre em pensamento,
seja qual for o momento,
que nenhum de nós sem ela
estaria agora no mundo.

Humberto Reis

Para Sempre... Mãe


Por que Deus permite
que as mães vão-se embora?
Mãe não tem limite,
é tempo sem hora,
luz que não apaga
quando sopra o vento
e chuva desaba,
veludo escondido
na pele enrugada,
água pura, ar puro,
puro pensamento.
Morrer acontece
com o que é breve e passa
sem deixar vestígio.
Mãe, na sua graça,
é eternidade.

Por que Deus se lembra
- mistério profundo -
de tirá-la um dia?
Fosse eu Rei do Mundo,
baixava uma lei:
Mãe não morre nunca,
mãe ficará sempre
junto de seu filho
e ele, velho embora,
será pequenino
feito grão de milho.

Carlos Drummond de Andrade

Poema à Mãe




No mais fundo de ti,
eu sei que traí, mãe.
Tudo porque já não sou
o menino adormecido
no fundo dos teus olhos.
Tudo porque tu ignoras
que há leitos onde o frio não se demora
e noites rumorosas de águas matinais.
Por isso, às vezes, as palavras que te digo
são duras, mãe,
e o nosso amor é infeliz.
Tudo porque perdi as rosas brancas
que apertava junto ao coração
no retrato da moldura.
Se soubesses como ainda amo as rosas,
talvez não enchesses as horas de pesadelos.
Mas tu esqueceste muita coisa;
esqueceste que as minhas pernas cresceram,
que todo o meu corpo cresceu,
e até o meu coração
ficou enorme, mãe!
Olha - queres ouvir-me? -
às vezes ainda sou o menino
que adormeceu nos teus olhos;
ainda aperto contra o coração
rosas tão brancas
como as que tens na moldura;
ainda oiço a tua voz:
Era uma vez uma princesa
no meio de um laranjal...
Mas - tu sabes - a noite é enorme,
e todo o meu corpo cresceu.
Eu saí da moldura,
dei às aves os meus olhos a beber.
Não me esqueci de nada, mãe.
Guardo a tua voz dentro de mim.
E deixo-te as rosas.
Boa noite. Eu vou com as aves.

Eugénio de Andrade
in "Os Amantes Sem Dinheiro" (1950)

domingo, 27 de abril de 2008

Sabes quem é? 5

Usa óculos, é baixa, a sua cara é pequena e redonda e tem olhos castanhos.
Normalmente usa uma fita e botas.
Nas aulas é pouco conversadora.

Bárbara Azevedo 5ºB

quarta-feira, 23 de abril de 2008

A MINHA IRMÃ

A minha irmã chama-se Mariana e tem quase oito anos.
Ela é de estatura média nem é gorda nem é magra.
O seu cabelo é castanho claro e liso, e os seus olhos são castanhos.
É bonita e elegante .Apesar de muito nova, preocupa-se muito com o seu aspecto e com o que veste.
Ela é uma menina com uma personalidade muito forte .Sabe bem o que quer e não tem problemas em dizer as verdades.
É alegre , divertida e simpática. É também muito esperta e observadora, pois está atenta a todos os pormenores.
Quando ela gosta de uma pessoa , dá-se bem com ela; quando não gosta não tem problemas em mostrá-lo.
Gosto muito dela porque somos muito unidas e adoro brincar e conversar com ela.

Ana Sofia 5ºB.

Sabes quem é? 4

É de altura média ,magra e engraçada como os palhaços.
Usa brincos , casaco , calças e botas.
A sua pele é lisa e macia.
Tem olhos castanhos, mãos pequenas , lábios finos e é bonita.

Ana Sofia 5ºB

A minha melhor amiga

A minha melhor amiga é a Daniela.

Tem dez anos como eu, tem cabelo castanho, e olhos castanhos e usa sempre no cabelo um ou dois ganchos.

Gosta de usar calças e camisolas , raramente usa saia e leva sempre sapatilhas.

Também é um pouco desastrada e às vezes faz uma letra que ninguém a compreende.

É muito divertida, está quase sempre está a rir.


Aurora 5ºB nº4

O MEU IRMÃO

Vou falar do meu melhor amigo , que é o meu irmão, o Fábio .
O Fábio é muito alto e elegante. Tem braços longos por isso quando pega em mim, quase que dou com a cabeça no tecto , fico com a sensação de que estou a voar .
Tem cabelo ondulado, castanho escuro , pele morena , olhos grandes de um castanho tão claro que contrasta com o tom da pele. As suas pestanas são enormes e bonitas .
Os seus dentes são muito certinhos e branquinhos , por isso quando se ri , fica com um ar muito docinho e meiguinho .
Gosta de usar calças de ganga e “sweaters” e anda sempre de sapatilhas.
É pouco estudioso , trabalha apenas para passar de ano . Anda sempre com a cabeça na lua porque só ao fim de várias tentativas é que ele me responde .
Gosta muito de navegar na “net” , ouvir música e jogar “playstation 2” .
Ambos praticamos futebol , por isso temos muita coisa em comum .
Ele adora animais como eu: temos uma cadela a Kika , gatos , periquitos , canários e caturras .
Eu adoro o meu irmão .

Renato 5ºB

Retrato do meu irmão

O meu irmão é um jovem de 20 anos. É alto, não é gordo nem magro.
Gosta de andar bem vestido. Usa normalmente calças de ganga e pólos, camisolas, “sweatshirts”, blusões e “kispos” quando está frio ou chuva. Gosta de sapatinhas boas e bonitas. Usa cachecol quando está muito frio.
A sua pele é de cor bronzeada e muito lisa. O rosto é oval. Usa cabelos compridos , ondulados, abundantes e sedosos de cor castanha escura e usa- o solto. Tem olhos grandes, castanhos e brilhantes . As sobrancelhas são espessas. O nariz é de tamanho médio e é direito. A boca é normal e redonda. Os lábios são carnudos de cor vermelha.
É alegre, simpático, bem-educado, brincalhão, tranquilo, sincero, meigo e confiante.

Carlos 5ºB

O meu irmão Pedro

O Pedro é um rapaz jovem com vinte anos, alto e bem constituído, de pele clara, cabelo curto e escuro, olhos esverdeados e rasgados como o mar das ilhas, sobrancelhas espessas e bem arqueadas, um sorriso simpático e aberto, e uns lábios recortados, e rosados como uma fatia de melancia. Gosta de se vestir bem e anda sempre muito lavado e cheiroso como um sabonete.



Frederico Gabriel, 5.º B, n.º 11

A INÊS

A Inês tem cabelo castanho escalado , olhos castanhos escuros e redondos. Ela gosta de usar calças de ganga e casacos pela cintura.
Os seus animais favoritos são os cavalos.
É muito confiante, e é uma pessoa que está consciente daquilo que faz.
Ela é elegante e gosta muito de falar. Está sempre alegre e dá-se bem com toda a gente. Costuma usar o cabelo muito despenteado. Gosta muito de observar os outros e de os fazer rir. Ela é sincera, carinhosa, doce, meiga, paciente e calma.

Inês Santos – 5ºB

segunda-feira, 21 de abril de 2008

Sabes quem é? 3

É um menino de dez anos, baixo e magro. Tem cabelo castanho, e não tem um dente na frente. As suas mãos são pequenas, mas fortes. Geralmente usa calças de ganga, ténis "Puma", um kispo azul por fora forrado a laranja e tem ainda um lábio rasgado em cima.

Pedro 5ºB

A AULA DE PORTUGUÊS



A aula de Português
é um mar de letras
de beleza e imaginação.

É uma viagem para a “Terra do D”
onde reina a diversão.

É estudar com certezas absolutas, sintéticas e analíticas
que nunca é em vão.

E são os recursos estilísticos
que dão para escrever
os textos tão bonitos
que tanto gosto de fazer.

A aula de Português
é o cão e o gato
no meio das onomatopeias.

É o caminho pelo quadro
que tanto tem a ensinar.

É a leitura dos livros
a abarrotar de florestas
cheias de histórias a contar.

E é um momento tão alegre
que mal posso imaginar
tento divertir-me
para a hora gozar.

Luís Diogo 5ºB

domingo, 20 de abril de 2008

RETRATO FISICO E PSICOLÓGICO

A minha tia Nela é doce e calma.

É uma adulta de meia-idade, de altura média e magra. É de pele branca e lisa, rosto redondo e magro, o cabelo curto, preto e liso, os olhos rasgados, castanhos escuros e brilhantes, sobrancelhas finas, nariz nem longo nem comprido, a boca grande e redonda, os lábios finos e rosados. Geralmente veste roupa desportiva e sapatilhas.

Iolanda David - 5ºB

sábado, 19 de abril de 2008

Sabes quem é? 2

É um rapaz muito brincalhão, de altura média e magro. A sua pele é tão branca que até se notam as veias. O seu rosto é oval e magro. O seu cabelo é curto e castanho-escuro, os seus olhos são pequenos e, à semelhança do cabelo, também castanhos.
Tem sobrancelhas finas, boca pequena e redonda, lábios finos e rosados.

Iolanda David - 5ºB

Sabes quem é? 1

É uma menina muito bonita. É alta e magríssima O seu cabelo ondulado faz lembrar as ondas revoltas do mar. O seu cabelo loirinho com uma repa parece uma seara de trigo. O seus olhos são verdes e brilhantes como esmeraldas e as suas sobrancelhas são fininhas e bem desenhadas. Tem um nariz redondinho, boca pequenina e lábios avermelhados e é muito sorridente.
Geralmente usa t-shirt, calças de ganga e umas sapatilhas com riscas laranja.

Mariana Barbosa - 5ºB

O Amor


O amor é luz
Que ilumina o nosso caminho.

É a flor que enche
A vida cheia de alegria.

Amor é o guia da vida
Que nos conduz para a Paz.

Amor é uma fonte
Donde preciso beber.
Quando não houver amor
Com sede irei viver.

O amor são vitaminas
Que todos os dias preciso de beber.
É o alimento do dia-a-dia
Que feliz me faz ser.



Lino Daniel – Nº20 – 6ºA

O Palhaço Verde


Vou falar-lhes de um palhaço. Tinha um nariz muito grande e uns olhos que brilhavam como estrelas. E no peito um coração de oiro – os olhos brilhavam como estrelas porque ele tinha um coração de oiro. E as mãos, quando estavam fora das luvas grandes, eram grandes, isso eram, mas meigas e bonitas.
O Palhaço era bom. Sonhava muito. Sonhava que no mundo todos deviam ser bons, alegres, bem dispostos.
O Palhaço não tinha pai nem mãe. Vivia sozinho desde criança. Sozinho com o seu coração de oiro.
Um dia olhou o espelho do seu quarto, era ainda rapazito. E disse para a figura que o espelho reflectia:
- Tenho tanta graça!
E riu. Riu uma gargalhada que parecia escala de um piano: Dó! Ré! Mi! Fá! Sol!
Isso, Sol. O riso era sol. E os seus olhos estrelas. E o coração de oiro.
Riu outra vez para a figura que o espelho reflectia: Dó! Ré! Mi! Fá! Sol!
E acrescentou:
- Vou fazer rir todos os meninos!
E deitou-se a sonhar.
No dia seguinte pegou numas calças velhas, cor de ferrugem. Num casaco aos quadrados encarnados e verdes, muito largo, que era tão grande que nele caberiam dois palhaços. E nuns sapatos muito grandes, também, amarelos como as patas de uns patos.
E numas luvas enormes, muito brancas.
E, por fim – e isso era tão importante! – num macio chapéu verde tenro da cor dos prados antes de as papoulas nascerem como pingos de sangue.
Lindo, o nosso Palhaço!
Matilde Rosa Araújo - "O Palhaço Verde"

sexta-feira, 18 de abril de 2008

O Sr. Piloto-Mor



O Sr. Piloto-Mor só abre a boca para ralhar. De quando em quando, aquele vozeirão tremendo ecoa na Cantareira e cala-se tudo. Toda a gente tem medo desse homem seco e tisnado, autoritário e duro, de grandes barbas brancas revoltas. Ninguém se atreve a dirigir-lhe a palavra e todos os pescadores, quando ele passa como uma rajada, tiram os barretes da cabeça.
Noutro dia estiveram alguns barcos em perigo.
- O salva-vidas!...
E o salva-vidas lá desceu pelo guindaste até ao rio, mas não apareceu ninguém para o tripular.
- Então ninguém vai?... - perguntou o piloto-mor.
Mas os homens em grupo, encolhidos, não responderam.
- Então vocês têm alma para os deixarem morrer ali à nossa vista?
Um mais atrevido disse, por fim:
- Quem lá for, lá fica. O salva-vidas não se aguenta com este mar.
E o vozeirão a sair das barbas brancas: - Pois então vou eu, com os diabos! Vou eu e fico lá. E vou sozinho se ninguém quiser ir comigo.
Saltou dentro do barco - e com ele uma dúzia de homens.

Raul Brandão “ Os Pescadores”

O RUSSO




Russo, com o nariz arrebitado e a boca vermelha, o diabo do rapaz á medida que cresce fica mais desproporcionado e mais feio. As pernas com certeza não são dele, nem o cabelo espesso e ruivo. Quer saber tudo e passa os dias dispondo palheiras com visco à volta da poça, ou armando o alçapão e o chamariz para os pintassilgos, e as ratoeiras onde cai o incauto ouriço cacheiro. Rompe as calças trepando aos pinheiros e os grilos têm por ele uma aversão que todo o monte comenta: (Ah!…ah!...ah!...) (…)
Não pode estar quieto. Tem bicho-carpinteiro. Um dia pegou na malga, saiu da mesa e foi comer o caldo no beiral da casa, para melhor contemplar a paisagem. Resultado: ele, a malga e o beiral caiu tudo à eira.

Portugal Pequenino – Maria Angelina e Raul Brandão

TEOLINDA



O nome assentava a matar à minha professora: Teolinda, linda de Deus. De facto, fora bem querida da graça, pois era rica de encantamento, a pele do seu rosto tão macia que nem pétalas de rosa, esbelta, ainda que sobre o gorducho, cabelos fartos, uma boca que a gente gostava de ver pelo seu gentil recorte, mas, não sei porquê, nos enchia de ternura e depois de pena. Os discípulos amavam-na, prontos a todos os obséquios. Realmente, em vez de os martirizar com ensinanças, leitura, contas, análise, procurava que fossem alegres e asseados. Queria-os ver a todos asseados. Queria-os ver a todos bonitos. Aos que chegavam com a cara suja e o ranho a alumiar, dizia à criada que os limpasse.
Por causa dela eu esmerava-me em ir lavadinho e, sempre que podia, estreando fato novo.
A D. Teolinda, dobrando-se comigo sobre as cinco vogais, não me martelava o juízo a distinguir umas das outras. O livro, segundo ela, não era instrumento de tortura para marrar, suar, derreter os miolos. Antes, como um vaso de terra em que a planta germina quando chega a estação.

“Cinco Réis de Gente” – Aquilino Ribeiro