segunda-feira, 5 de maio de 2008

Flor de ventura




A flor de ventura

Que amor me entregou,

Tão bela e tão pura

Jamais a criou:



Não brota na selva

De inculto vigor,

Não cresce entre a relva

De virgem frescor;



Jardins de cultura

Não pode habitar

A flor de ventura

Que amor me quis dar.



Semente é divina

Que veio dos Céus;

Só n’alma germina

Ao sopro de Deus.



Tão alva e mimosa

Não há outra flor;

Uns longes de rosa

Lhe avivam a cor;



E o aroma... Ai!, delírio

Suave e sem fim!

É a rosa, é o lírio,

É o nardo, o jasmim;



É um filtro que apura,

Que exalta o viver,

E em doce tortura

Faz de ânsias morrer.



Ai!, morrer... que sorte

Bendita de amor!

Que me leve a morte

Beijando-te, flor.

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