segunda-feira, 31 de março de 2008
O SOL
O Sol
É a luz que nos aquece.
É a lava do vulcão.
É uma estrela que brilha ao longe.
É o calor de África.
É a luz da LUA.
É o que nos dá vida.
O Sol
É o fogo que se vê.
É um forno aceso.
É uma bola redonda.
É a casca de uma laranja.
É a cor da bandeira de Espanha.
O Sol é um sorriso rasgado.
Ana Sofia Gomes Pinto Nº2 5ºB
O Sol
A Amizade
A Amizade
é o livro que nos ensina
é o calor que nos aquece
é o sol que nos ilumina.
A Amizade
é a sinceridade entre duas pessoas
são os passarinhos que voam
é um pátio sem fim...
A Amizade
é um riacho sem meta
é o chilrear dos pássaros
é uma árvore com flores.
A Amizade
é um fogo que arde sem se ver
é um jardim colorido
é o mar a bater nas rochas.
Inês Santos 5B Nº13
A Paz
Hoje estivemos a analisar na aula de Língua Portuguesa este poema e depois lancei um desafio aos meus alunos.Cada um deveria criar um poema usando metáforas e seguindo a estrutura deste.
A Paz
é uma pomba que voa.
É um casal
De namorados.
São os pardais
de Lisboa
que fazem ninho
nos telhados.
E é o riacho
de mansinho
que saltita
nas pedras morenas
e toda a calma
do caminho
com árvores
altas e serenas.
A paz é o livro
que ensina.
É uma vela
em alto mar
e é o cabelo
da menina
que o vento
conseguiu soltar.
E é o trabalho,
o pão, a mesa,
a seara de trigo,
ou de milho,
e perto
da lâmpada acesa
a mãe que embala
o seu filho.
Sidónio Muralha,
Poemas e Canções da minha Infância
Dizem que, quando sentimos saudades dos tempos da nossa meninice, isso significa que estamos a ficar “velhos”. Até posso concordar com esta afirmação, mas devo confessar que as brincadeiras ( o mata, o lencinho, a macaca, o elástico, o senhor barqueiro, a babona,...), as cantigas e os poemas que recitávamos quando andei na escola, correm o risco de perder-se para sempre.
Resolvi, por isso, publicar algumas das que me lembro, embora de muitas, não consiga identificar os seus autores pelo que, desde já, peço as minhas mais humildes desculpas.
Antes de o fazer, aproveito para homenagear os meus pais que estiveram sempre presentes e nos alegravam com as canções que nos ensinavam e as histórias que nos contavam. Como foram bons esses tempos. Posso dizer que tive uma infância inesquecível, pois as crianças eram verdadeiramente amigas e solidárias. Como não existiam computadores e consolas, o tempo dava para tudo.
Resolvi, por isso, publicar algumas das que me lembro, embora de muitas, não consiga identificar os seus autores pelo que, desde já, peço as minhas mais humildes desculpas.
Antes de o fazer, aproveito para homenagear os meus pais que estiveram sempre presentes e nos alegravam com as canções que nos ensinavam e as histórias que nos contavam. Como foram bons esses tempos. Posso dizer que tive uma infância inesquecível, pois as crianças eram verdadeiramente amigas e solidárias. Como não existiam computadores e consolas, o tempo dava para tudo.
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Poemas e Canções da minha infância
Jardim da Celeste
Fui ao jardim da Celeste,
giroflé, giroflá,
fui ao jardim da Celeste,
giroflé, flé, flá.
O que foste lá fazer?
giroflé, giroflá,
O que foste lá fazer?
giroflé, flé, flá.
Fui lá buscar uma rosa,
giroflé, giroflá,
Fui lá buscar uma rosa,
giroflé, flé, flá.
Para quem é essa rosa,
giroflé, giroflá,
Para quem é essa rosa,
giroflé, flé, flá.
É para a menina (Ana),
giroflé, giroflá,
É para a menina (Ana),
giroflé, flé, flá.
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Poemas e Canções da minha infância
A Loja do Mestre André
Foi na loja do Mestre André
que eu comprei um pifarito,
tiro, liro, lir'um pifarito,
Ai olá, ai olé,
Foi na loja do Mestre André.
Ai olá, ai olé,
Foi na loja do Mestre André.
Foi na loja do Mestre André
que eu comprei um pianinho,
plim plim plim, um pianinho,
tiro, liro, lir'um pifarito,
Ai olá, ai olé,
Foi na loja do Mestre André.
Ai olá, ai olé,
Foi na loja do Mestre André.
Foi na loja do Mestre André
que eu comprei um tamborzinho,
tum tum tum, um tamborzinho,
plim plim plim, um pianinho,
tiro, liro, lir'um pifarito,
Ai olá, ai olé,
Foi na loja do Mestre André.
Ai olá, ai olé,
Foi na loja do Mestre André.
Foi na loja do Mestre André
que eu comprei uma campaínha,
tlim tlim tlim, uma campainha,
tum tum tum, um tamborzinho,
plim plim plim, um pianinho,
tiro, liro, lir'um pifarito,
Ai olá, ai olé,
Foi na loja do Mestre André.
Ai olá, ai olé,
Foi na loja do Mestre André.
Foi na loja do Mestre André
que eu comprei uma rabequinha,
Chiribiri-biri, uma rabequinha,
tlim tlim tlim, uma campainha,
tum tum tum, um tamborzinho,
plim plim plim, um pianinho,
tiro, liro, lir'um pifarito,
Ai olá, ai olé,
Foi na loja do Mestre André.
Ai olá, ai olé,
Foi na loja do Mestre André.
Foi na loja do Mestre André
que eu comprei um rabecão,
Chiribiribão, um rabecão,
Chiribiri-biri, uma rabequinha,
tlim tlim tlim, uma campainha,
tum tum tum, um tamborzinho,
plim plim plim, um pianinho,
tiro, liro, lir'um pifarito,
Ai olá, ai olé,
Foi na loja do Mestre André.
Ai olá, ai olé,
Foi na loja do Mestre André.
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Poemas e Canções da minha infância
Ai, ai, ai, minha machadinha
Ai, ai, ai, minha machadinha
Ai, ai, ai, minha machadinha
quem te pôs a mão, sabendo que és minha
quem te pôs a mão, sabendo que és minha.
Sabendo que és minha, também eu sou tua
Sabendo que és minha, também eu sou tua
salta machadinha, para o meio da rua
salta machadinha, para o meio da rua.
No meio da rua, não hei-de eu ficar
No meio da rua, não hei-de eu ficar
hei-de ir à roda, buscar o meu par
hei-de ir à roda buscar o meu par.
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Poemas e Canções da minha infância
As pombinhas da Catrina
As pombinhas da Catrina
andaram de mão em mão
foram ter à Quinta Nova
ao pombal de S.João.
Ao pombal de S.João
à Quinta da Roseirinha
minha mãe mandou-me à fonte
e eu parti a cantarinha.
Minha mãe mandou-me à fonte
pela hora do calor
eu quebrei a cantarinha
a dar água ao meu amor.
Ó minha mãe não me bata
Que ainda sou pequenina
Eu quebrei-a está quebrada
Eu quebrei a cantarinha.
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Poemas e Canções da minha infância
domingo, 30 de março de 2008
BALADA DA NEVE
Batem leve, levemente,
como quem chama por mim.
Será chuva? Será gente?
Gente não é, certamente
e a chuva não bate assim.
É talvez a ventania:
mas há pouco, há poucochinho,
nem uma agulha bulia
na quieta melancolia
dos pinheiros do caminho...
Quem bate, assim, levemente,
com tão estranha leveza,
que mal se ouve, mal se sente?
Não é chuva, nem é gente,
nem é vento com certeza.
Fui ver. A neve caía
do azul cinzento do céu,
branca e leve, branca e fria...
Há quanto tempo a não via!
E que saudades, Deus meu!
Olho-a através da vidraça.
Pôs tudo da cor do linho.
Passa gente e, quando passa,
os passos imprime e traça
na brancura do caminho...
Fico olhando esses sinais
da pobre gente que avança,
e noto, por entre os mais,
os traços miniaturais
duns pezitos de criança...
E descalcinhos, doridos...
a neve deixa inda vê-los,
primeiro, bem definidos,
depois, em sulcos compridos,
porque não podia erguê-los!...
Que quem já é pecador
sofra tormentos, enfim!
Mas as crianças, Senhor,
porque lhes dais tanta dor?!...
Porque padecem assim?!...
E uma infinita tristeza,
uma funda turbação
entra em mim, fica em mim presa.
Cai neve na Natureza
e cai no meu coração.
Augusto Gil
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Poemas e Canções da minha infância
A Moleirinha
Pela estrada plana, toque, toque, toque,
Guia o jumentinho uma velhinha errante.
Como vão ligeiros, ambos a reboque,
Antes que anoiteça, toque, toque, toque,
A velhinha atrás, o jumentito adiante!...
Toque, toque, a velha vai para o moinho,
Tem oitenta anos, bem bonito rol!...
E contudo alegre como um passarinho,
Toque, toque, e fresca como o branco linho,
De manhã nas relvas a corar ao sol.
Vai sem cabeçada, em liberdade franca,
O jerico ruço duma linda cor;
Nunca foi ferrado, nunca usou retranca,
Tange-o, toque, toque, a moleirinha branca
Com o galho verde duma giesta em flor.
Vendo esta velhita, encarquilhada e benta,
Toque, toque, toque, que recordação!
Minha avó ceguinha se me representa...
Tinha eu seis anos, tinha ela oitenta,
Quem me fez o berço fez-lhe o seu caixão!...
Toque, toque, toque, lindo burriquito,
Para as minhas filhas quem mo dera a mim!
Nada mais gracioso, nada mais bonito!
Quando a virgem pura foi para o Egipto,
Com certeza ia num burrico assim.
Toque, toque, é tarde, moleirinha santa!
Nascem as estrelas, vivas, em cardume...
Toque, toque, toque, e quando o galo canta,
Logo a moleirinha, toque, se levanta,
P’ra vestir os netos, p’ra acender o lume...
Toque, toque, toque, como se espaneja,
Lindo o jumentinho pela estrada chã!
Tão ingénuo e humilde, dá-me, salvo seja,
Dá-me até vontade de o levar à igreja,
Baptizar-lhe a alma, p’ra a fazer cristã!
Toque, toque, toque, e a moleirinha antiga,
Toda, toda branca, vai numa frescata...
Foi enfarinhada, sorridente amiga,
Pela mó da azenha com farinha triga,
Pelos anjos loiros com luar de prata!...
Toque, toque, como o burriquito avança!
Que prazer d’outrora para os olhos meus!
Minha avó contou-me quando fui criança,
Que era assim tal qual a jumentinha mansa
Que adorou nas palhas o menino Deus...
Toque, toque, é noite... ouvem-se ao longe os sinos,
Moleirinha branca, branca de luar!...
Toque, toque, e os astros abrem diamantinos,
Como estremunhados querubins divinos,
Os olhitos meigos para a ver passar...
Toque, toque, e vendo sideral tesoiro,
Entre os milhões d’astros o luar sem véu,
O burrico pensa: Quanto milho loiro!
Quem será que mói estas farinhas d’oiro
Com a mó de jaspe que anda além no Céu!
Guerra Junqueiro
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Poemas e Canções da minha infância
Levava um Jarrinho
Levava um jarrinho
para ir buscar vinho.
Levava um tostão
para comprar pão
e levava uma fita
para ir bonita.
Correu atrás
De mim um rapaz:
Foi o jarro para o chão.
Perdi o tostão,
Rasgou-se-me a fita...
Vejam que desdita!
Se eu não levasse um jarrinho
nem fosse buscar vinho
nem trouxesse a fita
para ir bonita
nem corresse atrás
de mim um rapaz
para ver o que eu fazia
nada disto acontecia.
De: Fernando Pessoa
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Poemas e Canções da minha infância
O Coelhinho Branco
A minha madrinha
Deu-me um coelhinho
De pêlo branco, olhos vermelhos
E fita verde ao pescocinho
Levei-o para o jardim
Para ver as florinhas,
Gozar um pouco de sol
E comer tenras ervinhas.
Achei-lhe tanta gracinha
Que fui chamar a Loló
Deixando por um instante
O meu lindo coelhinho só.
Quando cheguei não o vi
Procurei-o com canseira
Fui dar com a cabecinha
Junto de uma laranjeira.
Eu então tanto chorei
Pelo meu rico coelhinho
E agora outro que eu tenha,
Hei-de tê-lo mais bem guardadinho.
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Poemas e Canções da minha infância
domingo, 16 de março de 2008
Autobiografias
Autobiografia
Chamo-me Lino Daniel e tenho onze anos.
A minha família é portuguesa e é formada pela minha mãe, meu pai, minha irmã e eu. Vivemos juntos e moramos em Avintes que também é a terra natal dos meus pais. Eu sou natural de Massarelos porque nasci na maternidade Júlio Dinis no dia 20 de Maio de 1996.
Grande parte da minha infância foi passada na Fundação Obra Padre Luís porque fui para lá com 3 meses até aos dias de hoje. Deste local tenho boas recordações porque fazia muitas actividades, jogos, brincava ao “faz de conta” e tinha muitos amigos.
Das muitas brincadeiras que eu fazia em casa com a minha família recordo-me principalmente de uma em que passava muito tempo com os meus carros a imaginar travessias, perigos e acidentes, utilizando para isso as pernas do meu pai quando ele estava sentado.
O meu primeiro dia de aulas foi especial porque encontrei muitas novidades que não conhecia e a escola para onde eu tinha ido era muito fixe e chama-se Escola do Outeiro em Oliveira do Douro.
Na primária gostei bastante da minha professora e foi difícil quando tive de me separar dela e de muitos amigos.
Com oito anos, os meus pais decidiram meter-me na Banda Musical de Avintes para aprender música. Era um novo mundo que comecei a descobrir e a gostar.
Actualmente faço parte da Orquestra Ligeira e da Banda Musical de Avintes, tocando trompete. Tenho conhecido muitos locais, terras e pessoas nos concertos que fazemos e até já vou começando a ganhar algum dinheiro. A minha família incentiva-me e vibra muito com a minha música, por isso me dá força para treinar e evoluir cada vez mais.
Como sou alérgico aos ácaros, quando tinha oito anos, o médico aconselhou que eu praticasse desporto e assim lá fui eu para o Futebol Clube de Avintes. Este foi outro novo mundo que descobri, diferente da escola, da música, mas também interessante onde há espírito de equipa, a luta pela vitória e a alegria do golo.
Entretanto, terminada a primária chegou a hora de enfrentar um novo desafio que era o 5º ano, onde já andavam pessoas quase adultas e uma escola com regras diferentes.
No primeiro dia de aulas do 5º ano senti-me algo esquisito pois sentia-me o maior no 4º ano e tinha passado agora para os mais pequenos da escola E.B.2.3 de Vilar de Andorinho. Apesar disso, comecei logo a gostar porque tinha novos amigos, vários professores fixes e gostava da matéria.
Nos tempos livres gosto de jogar playstation, ver televisão, brincar…
Lino Daniel 6ºA
Chamo-me Lino Daniel e tenho onze anos.
A minha família é portuguesa e é formada pela minha mãe, meu pai, minha irmã e eu. Vivemos juntos e moramos em Avintes que também é a terra natal dos meus pais. Eu sou natural de Massarelos porque nasci na maternidade Júlio Dinis no dia 20 de Maio de 1996.
Grande parte da minha infância foi passada na Fundação Obra Padre Luís porque fui para lá com 3 meses até aos dias de hoje. Deste local tenho boas recordações porque fazia muitas actividades, jogos, brincava ao “faz de conta” e tinha muitos amigos.
Das muitas brincadeiras que eu fazia em casa com a minha família recordo-me principalmente de uma em que passava muito tempo com os meus carros a imaginar travessias, perigos e acidentes, utilizando para isso as pernas do meu pai quando ele estava sentado.
O meu primeiro dia de aulas foi especial porque encontrei muitas novidades que não conhecia e a escola para onde eu tinha ido era muito fixe e chama-se Escola do Outeiro em Oliveira do Douro.
Na primária gostei bastante da minha professora e foi difícil quando tive de me separar dela e de muitos amigos.
Com oito anos, os meus pais decidiram meter-me na Banda Musical de Avintes para aprender música. Era um novo mundo que comecei a descobrir e a gostar.
Actualmente faço parte da Orquestra Ligeira e da Banda Musical de Avintes, tocando trompete. Tenho conhecido muitos locais, terras e pessoas nos concertos que fazemos e até já vou começando a ganhar algum dinheiro. A minha família incentiva-me e vibra muito com a minha música, por isso me dá força para treinar e evoluir cada vez mais.
Como sou alérgico aos ácaros, quando tinha oito anos, o médico aconselhou que eu praticasse desporto e assim lá fui eu para o Futebol Clube de Avintes. Este foi outro novo mundo que descobri, diferente da escola, da música, mas também interessante onde há espírito de equipa, a luta pela vitória e a alegria do golo.
Entretanto, terminada a primária chegou a hora de enfrentar um novo desafio que era o 5º ano, onde já andavam pessoas quase adultas e uma escola com regras diferentes.
No primeiro dia de aulas do 5º ano senti-me algo esquisito pois sentia-me o maior no 4º ano e tinha passado agora para os mais pequenos da escola E.B.2.3 de Vilar de Andorinho. Apesar disso, comecei logo a gostar porque tinha novos amigos, vários professores fixes e gostava da matéria.
Nos tempos livres gosto de jogar playstation, ver televisão, brincar…
Lino Daniel 6ºA
A Minha Autobiografia
Chamo-me Joana Oliveira e nasci no dia 13 de Novembro de 1996, na Maternidade Júlio Dinis, no Porto.
Não me lembro dos meus primeiros anos de vida a não ser pelo que me contam os meus pais, o meu irmão e as fotografias que guardo carinhosamente num álbum.
Um dos episódios que considero importante foi quando mudámos de casa. No primeiro dia dormimos todos no chão da futura sala de jantar, foi muito divertido!
Quando tinha quatro anos, sofri o meu primeiro acidente. Estava numa festa de anos e escorreguei, deslocando o braço esquerdo.
O segundo acidente aconteceu em minha casa. Tropecei numa garrafa de azeite e espetou-se-me um vidro no joelho. Tive que ir ao hospital levar quatro pontos.
Mas também tive muitos momentos felizes. Por exemplo, quando fui à Bracalândia com uns amigos, todas as festas a que fui e, sobretudo, CONHECER-VOS!!!
Joana Oliveira 6ªA
Não me lembro dos meus primeiros anos de vida a não ser pelo que me contam os meus pais, o meu irmão e as fotografias que guardo carinhosamente num álbum.
Um dos episódios que considero importante foi quando mudámos de casa. No primeiro dia dormimos todos no chão da futura sala de jantar, foi muito divertido!
Quando tinha quatro anos, sofri o meu primeiro acidente. Estava numa festa de anos e escorreguei, deslocando o braço esquerdo.
O segundo acidente aconteceu em minha casa. Tropecei numa garrafa de azeite e espetou-se-me um vidro no joelho. Tive que ir ao hospital levar quatro pontos.
Mas também tive muitos momentos felizes. Por exemplo, quando fui à Bracalândia com uns amigos, todas as festas a que fui e, sobretudo, CONHECER-VOS!!!
Joana Oliveira 6ªA
Autobiografia
Chamo-me Diana e nasci em Mafamude no dia 9 de Julho de 1996. Hoje já tenho 11anos. Sou muito feliz com os meus pais. Adoro a minha família e os meus amigos. Gosto de ver televisão, passear e estar com os meus amigos. A minha família é grande e divertida. Ando na escola e.b 2/3 de Vilar de Andorinho onde tenho alguns amigos. As minhas disciplinas preferidas são música e ciências. Moro em Oliveira do Douro com os meus pais. Sou feliz com a vida que tenho porque tenho amigos e uma família unida.
Diana 6ºA
Diana 6ºA
quarta-feira, 12 de março de 2008
LENDAS
A Lenda das Sete Cidades - Açores
Conta a lenda que o arquipélago dos Açores é o que hoje resta de uma ilha maravilhosa e estranha onde vivia um rei possuidor de um grande tesouro e uma imensa tristeza por não ter um filho que lhe sucedesse no trono. Esta dor tornava-o amargo com a sua rainha estéril e cruel com o seu povo. Mas uma noite perante os seus olhos desceu uma estrela muito brilhante dos céus que aos poucos se foi materializando numa mulher de beleza irreal envolta em luz prateada. Com uma voz que mais parecia música essa mulher prometeu-lhe uma filha bela como o sol sob a condição que o rei expiasse a sua crueldade e injustiça através da paciência. O rei teria que construir um palácio rodeado por sete cidades cercadas por muralhas de bronze que ninguém poderia transpor. A princesinha ficaria aí guardada durante trinta anos longe dos olhos e do carinho do rei. O rei aceitou o desafio. Decorreram 28 anos e com eles cresceram a impaciência e o sofrimento do rei, que um dia não aguentou mais. Apesar de ter sido avisado que morreria e que o seu reino seria destruído, o rei dirigiu-se às muralhas, desembainhou a espada e nelas descarregou a sua fúria. A terra estremeceu num ruído terrível e das suas entranhas saíram línguas de fogo enquanto que o mar se levantou sobre a terra e a engoliu. No fim de tudo, restaram apenas as nove ilhas dos Açores e o palácio da princesa, transformado agora na Lagoa das Sete Cidades dividida em duas lagoas: uma verde como o vestido da princesa e a outra azul da cor dos seus sapatos.
Conta a lenda que o arquipélago dos Açores é o que hoje resta de uma ilha maravilhosa e estranha onde vivia um rei possuidor de um grande tesouro e uma imensa tristeza por não ter um filho que lhe sucedesse no trono. Esta dor tornava-o amargo com a sua rainha estéril e cruel com o seu povo. Mas uma noite perante os seus olhos desceu uma estrela muito brilhante dos céus que aos poucos se foi materializando numa mulher de beleza irreal envolta em luz prateada. Com uma voz que mais parecia música essa mulher prometeu-lhe uma filha bela como o sol sob a condição que o rei expiasse a sua crueldade e injustiça através da paciência. O rei teria que construir um palácio rodeado por sete cidades cercadas por muralhas de bronze que ninguém poderia transpor. A princesinha ficaria aí guardada durante trinta anos longe dos olhos e do carinho do rei. O rei aceitou o desafio. Decorreram 28 anos e com eles cresceram a impaciência e o sofrimento do rei, que um dia não aguentou mais. Apesar de ter sido avisado que morreria e que o seu reino seria destruído, o rei dirigiu-se às muralhas, desembainhou a espada e nelas descarregou a sua fúria. A terra estremeceu num ruído terrível e das suas entranhas saíram línguas de fogo enquanto que o mar se levantou sobre a terra e a engoliu. No fim de tudo, restaram apenas as nove ilhas dos Açores e o palácio da princesa, transformado agora na Lagoa das Sete Cidades dividida em duas lagoas: uma verde como o vestido da princesa e a outra azul da cor dos seus sapatos.
Lenda do Geraldo Geraldes, o sem Pavor
Esta lenda passou-se no ano de 1166, no tempo em que Évora era ainda a Yeborath árabe, para grande desgosto de D. Afonso Henriques que a desejava como ponto estratégico da reconquista de Portugal aos Mouros. Geraldo Geraldes, um homem de origem nobre que vivia à margem da lei, era chefe de um bando de proscritos que habitavam num pequeno castelo nos arredores de Yeborath. Conhecido também pelo Sem Pavor, Geraldo Geraldes decidiu conquistar Évora para resgatar a sua honra e o perdão para os seus homens. Disfarçado de trovador rondou a cidade e traçou a sua estratégia de ataque à torre principal do castelo que era vigiada por um velho mouro e pela sua filha. Numa noite, o Sem Pavor subiu sozinho à torre e matou os dois mouros, apoderando-se em silêncio da chave das portas da cidade. Mobilizou os seus homens e atacou a cidade adormecida numa noite sem lua que, surpreendida, sucumbiu ao poder cristão. No dia seguinte, D. Afonso Henriques recebeu surpreendido a grande novidade e tão feliz ficou que devolveu a Geraldo Geraldes as chaves da cidade, bem como a espada que ganhara, nomeando-o alcaide perpétuo de Évora. Ainda hoje, a cidade ostenta no brasão do claustro da Sé, a figura heróica de Geraldo Geraldes e as duas cabeças dos mouros decepadas, para além de lhe dedicar a praça mais emblemática de Évora.
A Lenda da Sertã
A vila da Sertã, segundo uma velha tradição ligada à romaria que anualmente se celebra em 14 e 15 de Agosto, é considerada o centro geográfico do País. Daí o chamar-se à festa de Nossa Senhora dos Remédios romaria de Nossa Senhora do Meio.
Tanto as origens da vila como a etimologia do topónimo são desconhecidas. Alguns autores de séculos passados, que se debruçam sobre este assunto, dizem-nos que a vila teria sido fundada por Sertório, em 74 a. C. Como em muitos outros casos, esta opinião baseia-se apenas na imaginação e no desejo de acrescentar pergaminhos de nobreza a uma povoação que provavelmente era a terra natal do inventor da teoria.
As armas da vila representam uma frigideira ou sertã com ovos. Tão lendária é a explicação da origem do brasão da vila quanto a história da sua fundação por Sertório.
Diz a lenda que o chefe da povoação, ou o seu castelão, mais especificamente, se encontrava ausente no momento em que os romanos investiram contra a fortificação. Celinda, sua mulher, estava na cozinha do castelo fritando ovos quando correram a dizer-lhe do ataque dos invasores e de que nele haviam morto o marido.
Cheia de ódio e desespero, correu às muralhas, por onde já penetravam os romanos. Na mão levava a sertã fervilhante de azeite e plena de ovos, os que preparava para o marido prestes para chegar e agora morto. Numa fúria indescritível, zurziu os romanos com a sertã com tal ímpeto que os fez recuar. A uns cegou-os com o azeite fervente e a outros matou-os com a «arma» que trazia nas mãos.
Conseguindo suster, quase só, a invasão dos romanos, foi depois auxiliada pelos povos das redondezas, que com prontidão acorreram ao alarme.
Deste facto memorável diz a lenda ter provindo o nome da vila e seu brasão de armas.
A Lenda de Egas Moniz, o Aio
A batalha de Valdevez entre os exércitos de D. Afonso Henriques e Afonso VII de Castela não teve um resultado decisivo para nenhuma das hostes envolvidas. D. Afonso Henriques retirou-se para Guimarães com o seu aio Egas Moniz e com os outros chefes das cinco famílias mais importantes do Condado Portucalense, interessadas na independência. O monarca castelhano pôs cerco ao castelo de Guimarães mas o futuro rei de Portugal preferia morrer a render-se ao primo. Egas Moniz, fundamentado na autoridade que a posição e a idade lhe conferiam, decidiu negociar a paz com Afonso VII a troco da vassalagem de D. Afonso Henriques e dos nobres que o apoiavam. O rei castelhano aceitou a palavra de Egas Moniz de que D. Afonso Henriques cumpriria o voto de vassalagem. Mas um ano depois, D. Afonso Henriques quebrou o prometido e resolveu invadir a Galiza, dando origem a um dos momentos mais heróicos da nossa história. Vestidos de condenados, Egas Moniz apresentou-se com toda a sua família na côrte de D. Afonso VII, em Castela, pondo nas mãos do rei as suas vidas como penhor da promessa quebrada. O rei castelhano, diante da coragem e humildade de Egas Moniz, decidiu perdoar-lhe e presenteou-o com favores. Este acto heróico impressionou também D. Afonso Henriques, que concedeu ao seu velho aio extensos domínios. Pensa-se que esta terá sido uma estratégia inteligente por parte de Egas Moniz para que o primeiro rei de Portugal pudesse ganhar tempo. Ao entregar-se, Egas Moniz ressalvava a sua honra e também a de Afonso Henriques, assegurando através da sua astúcia a futura independência de Portugal.
O Senhor de Matosinhos
Segundo a tradição, a imagem do Senhor de Matosinhos é uma das mais antigas de toda a cristandade. A lenda diz que esta imagem foi esculpida por Nicodemos, que assistiu aos últimos momentos de vida de Jesus, sendo por isso considerada uma cópia fiel do seu rosto. A imagem é oca porque nela teria Nicodemos escondido os instrumentos da Paixão e, nesses tempos de perseguição, os objectos sagrados eram escondidos ou atirados ao mar para escaparem à fogueira. Nicodemos atirou a imagem ao mar Mediterrâneo, na Judeia, e esta foi levada pelas águas. Veio dar à praia de Matosinhos, tendo perdido um braço na viagem. A população de Bouças ergueu-lhe um templo e designou a imagem por Nosso Senhor de Bouças, venerando-a durante 50 anos pelos seus muitos milagres. Mas um dia, andava uma mulher na praia de Matosinhos a apanhar lenha para a sua lareira, quando encontrou um pedaço de madeira que juntou aos restantes. Em casa, lançou-o várias vezes ao fogo e de todas ele saltou da lareira. A sua filha, muda de nascença, fazia-lhe gestos desesperados para dizer qualquer coisa e, por fim, balbuciou, perante o espanto da mãe, que o pedaço de madeira era o braço de Nosso Senhor das Bouças. Assombrada pelo milagre, a população verificou que o braço se ajustava tão bem à imagem que parecia que nunca dela se tinha separado. No século XVI, a imagem foi mudada para uma igreja em Matosinhos, construída em sua honra, ficando a ser conhecida por Nosso Senhor de Matosinhos.
O Castelo de Faria
A já desaparecida fortaleza medieval conhecida por Castelo de Faria, nos arredores de Barcelos, foi palco de uma história desencadeada pelo amor entre o rei D. Fernando e a bela Leonor Teles. Na verdade, estava D. Fernando para desposar a filha do rei de Castela quando se apaixonou por Leonor Teles, quebrando o compromisso que tinha assumido. Despeitado, o rei castelhano desencadeou uma guerra contra Portugal, cercando Lisboa e muitas outras terras. O Minho foi invadido pelo adiantado da Galiza, D. Pedro Rodriguez Sarmento, que se bateu com D. Henrique Manuel, tio do rei português, nos arredores de Barcelos. Os portugueses foram derrotados e entre os reféns ficou D. Nuno Gonçalves, alcaide-mor do Castelo de Faria. No seu cativeiro, receava D. Nuno que o seu filho entregasse o Castelo de Faria logo que visse o pai refém dos castelhanos e, por esse motivo, urdiu um estratagema que o evitasse. Pediu então ao galego D. Pedro que o levasse até aos muros do castelo para convencer o filho a entregar a fortaleza sem resistência. Chegados ao castelo, D. Nuno pediu para falar com o seu filho, D. Gonçalo, e exortou-o a defender-se a custo da própria vida, amaldiçoando-o se não cumprisse as suas ordens. Os castelhanos, vendo-se traídos, mataram logo ali o velho alcaide e atacaram o castelo. A luta foi renhida e dolorosa para os portugueses que perderam muitos dos seus homens, mas D. Gonçalo, lembrando-se da maldição do pai, resistiu orgulhoso, levando os inimigos a desistir. D. Gonçalo, apesar de premiado pela sua coragem, pediu ao rei D. Fernando autorização para abandonar o cargo de alcaide e tornou-se sacerdote.
Lenda do Milagre das Rosas
Esta é uma das mais conhecidas lendas portuguesas que enaltece a bondade da rainha D. Isabel para com todos os seus súbditos, a quem levava esmolas e palavras de consolo. Conta a história que um nobre despeitado informou o rei D. Dinis que a rainha gastava demais nas obras das igrejas, doações a conventos, esmolas e outras acções de caridade e convenceu-o a por fim a estes excessos. O rei decidiu surpreender a rainha numa manhã em que esta se dirigia com o seu séquito às obras de Santa Clara e à distribuição habitual de esmolas e reparou que ela procurava disfarçar o que levava no regaço. Interrogada por D. Dinis, a rainha informou que ia ornamentar os altares do mosteiro ao que o rei insistiu que tinha sido informado que a rainha tinha desobedecido às suas proibições, levando dinheiro aos pobres. De repente e mais confiante D. Isabel respondeu: "Enganais-vos, Real Senhor. O que levo no meu regaço são rosas..." O rei irritado acusou-a de estar a mentir: como poderia ela ter rosas em Janeiro? Obrigou-a, então, a revelar o conteúdo do regaço. A rainha Isabel mostrou perante os olhos espantados de todos o belíssimo ramo de rosas que guardava sob o manto. O rei ficou sem palavras, convencido que estava perante um fenómeno sobrenatural e acabou por pedir perdão à rainha que prosseguiu na sua intenção de ir levar as esmolas. A notícia do milagre correu a cidade de Coimbra e o povo proclamou santa a rainha Isabel de Portugal.
Lenda da Serra da Estrela
"Era uma vez um jovem pastor que vivia numa longínqua aldeia. Por único amigo tinha um cachorrinho, que nas longas noites de solidão se deitava a seus pés sem esperar nenhum gesto, nenhuma palavra. Sofria este pastor de uma estranha inquietação: cismava alcançar uma Serra enorme que via muito ao longe, as terras que existiam para lá da muralha rochosa que constituía o seu horizonte desde que nascera. E muitas noites passava em claro, meditando nesse seu desejo infindável.
Certa noite em que se julgava acordado, sonhou que uma estrela descia até a si e lhe segredava que o guiaria até ao objecto dos seus desejos.
Acordou o pastor mais inquieto e angustiado que nunca, e procurou no céu a verdade do que sonhara. Lá estavam todas as estrelas iguais a si mesmas, imutáveis e eternas aparentemente. Mas estava também uma que lhe pareceu diferente, a mais sua. Passavam-se os dias e o desejo do pastor aumentava, fazia doer-lhe o corpo, ardia-lhe febril na cabeça. De noite, todas as noites, procurava no céu a sua estrela diferente. E em sonhos ela aparecia-lhe muitas vezes desafiando-o, desafiando-lhe sempre a vontade. Mas a vontade por vezes é tão difícil!!
Uma noite, num ímpeto, decidiu-se. Arrumou tudo o que tinha e era nada, chamou o cão e partiu. Ao passar pela aldeia o cão ladrou e os velhos souberam que ele ia partir. Abanaram a cabeça ante a loucura do que assim partia à procura da fome, do frio, da morte. Mas o pastor levava consigo toda a riqueza que tinha: a fé, a vida e uma estrela.
E o pastor caminhou tantos anos que o cão envelheceu e não aguentou a caminhada. Morreu uma noite, nos caminhos, e foi enterrado à beira da estrada que fora de ambos. Só com a sua estrela, agora, o pastor continuou a caminhar, sempre com a serra adiante, e à medida que caminhava a serra ia sempre ali, no mesmo sítio e à mesma distância. Passou todas as fomes e frios que os velhos lhe tinham vaticinado.
Atravessou rios, galgou campos verdes e campos ressequidos, caminhou sobre rochedos escarpados, passou dentro de cidades cheias de muros e gente, mas a montanha dos seus desejos nunca a baniu do coração. Por fim, já velho alcançou a muralha escarpada que desde a infância o chamava. Subiu até ao mais alto da serra e ali pôde então largar o desejo do seu coração, agora em paz e sem desejo.
O horizonte era vasto, tão vasto e maravilhoso, a impressão de liberdade tão avassaladora que o pastor, sem falar, gritava dentro de si um hino de louvor que mais parecia o vento uivando por entre os penhascos rochosos de silêncio.
Instalou-se o velho pastor e a sua estrela com ele, no céu.
O rei do mundo, porém, ouviu falar naquele velho pastor e na sua estrela fantástica. Mandou emissários à serra: todas as riquezas do mundo daria ao pastor em troca da sua pequena estrela.
O pastor ouviu com atenção o que lhe mandava dizer o rei. Depois, olhou em volta. Tudo eram pedras e rochedos. Uma côdea de pão negro e uma gamela de leite as suas refeições. A sua distracção a paisagem "infindamente" igual e diferente do mundo lá em cima. A sua única amiga, a estrela.
Suavemente, como quem sabe o segredo das palavras e o valor de todos os bens possíveis, virou-se para os emissários do rei do mundo e rejeitou todos os tesouros da terra, escolhendo a pequenez da sua estrela.
Passaram os anos e o velho morreu. Enterraram-no debaixo de uma fraga e nessa noite, estranhamente, a estrela brilhou com uma luz mais intensa. Os pastores da serra notaram essa diferença porque a reconheciam também entre as outras, pelo que o velho lhes contava em certas noites.
E desde então a serra passou a chamar-se, para sempre Serra da Estrela".
Lenda da Senhora do Salto
Conta a lenda da Sr.ª. do Salto que um cavaleiro que perseguia o Diabo, encarnado sob a forma de um veado, saltou inadvertidamente sobre o abismo no Lugar do Salto.
Ao cair invocou fervorosamente a protecção da Senhora e por milagre cavalo e cavaleiro pousaram sãos e salvos na outra margem, no sítio onde ainda se vêm as marcas das ferraduras do cavalo. Em sinal de agradecimento pelo milagre, o cavaleiro terá mandado construir uma pequena capela à Nossa Senhora do Salto, cuja imagem é objecto de veneração popular há muito tempo...
O local é uma garganta apertada onde corre o rio Sousa e situa-se na freguesia de Aguiar de Sousa, concelho de Paredes, a poucas dezenas de quilómetros do Porto; e, especialmente no Verão, vale o passeio.
Lenda do Galo de Barcelos
Certo dia, apareceu um galego que se tornou suspeito. As autoridades resolveram prendê-lo e, apesar dos seus juramentos de inocência, ninguém o acreditou. Ninguém julgava crível que o galego se dirigisse a S. Tiago de Compostela em cumprimento duma promessa; que fosse fervoroso devoto do santo que em Compostela se venerava, assim como de São Paulo e de Nossa Senhora. Por isso, foi condenado à forca.
Antes de ser enforcado, pediu que o levassem à presença do juiz que o condenara. Concedida a autorização, levaram-no à residência do magistrado, que nesse momento se banqueteava com alguns amigos. O galego voltou a afirmar a sua inocência e, perante a incredulidade dos presentes, apontou para um galo assado que estava sobre a mesa e exclamou:
- É tão certo eu estar inocente, como certo é esse galo cantar quando me enforcarem.
Risos e comentários não se fizeram esperar, mas pelo sim e pelo não, ninguém tocou no galo. O que parecia impossível, tornou-se, porém, realidade! Quando o peregrino estava a ser enforcado, o galo assado ergueu-se na mesa e cantou. Já ninguém duvidava das afirmações de inocência do condenado. O juiz corre à forca e com espanto vê o pobre homem de corda ao pescoço, mas o nó lasso, impedindo o estrangulamento. Imediatamente solto, foi mandado em paz.
Passados anos, voltou a Barcelos e fez erguer o monumento em louvor à Virgem e a São Tiago.
Lenda de Gaia
Conta a lenda que o rei Ramiro II que viveu por volta do séc.. X, ouvira falar na beleza e bondade de uma moura irmã de Alboazer Alboçadam senhor das terras de Gaia até Santarém. Este senhor travou muitas lutas com o rei Ramiro II. Como o rei Ramiro II queria ficar com a moura de quem estava apaixonado, fez as pazes com Alboazer.
Então pediu a moura em casamento ao seu irmão. Ele não consentiu, pois rei Ramiro era já casado e tinha filhos.
O rei ficou zangado e uma noite com a ajuda dos seus soldados raptou a moura e conseguiu levá-la para Leão. Baptizou a moura e deu-lhe o nome de Artiga.
O Alboazer ficou muito zangado com o rei Ramiro e mandou raptar toda a sua família, a Rainha e filhos. Levou-os para o seu palácio em Gaia.
Quando Dom Ramiro soube, ficou furioso e jurou vingar-se. Juntou de novo as suas tropas e veio tentar recuperar a sua família. Ao chegar perto do palácio mandou esconder as tropas e ele disfarçou- se de mendigo. Conseguiu mandar um recado à Rainha para poder entrar no palácio. Depois de entrar enganou o seu inimigo e conseguiu chamar todas as suas tropas e travaram uma grande batalha. Levou dali a toda a sua família para um barco e seguiram caminho para Leão. A Rainha chorava muito pelo senhor de Gaia que o rei Ramiro tinha matado. O rei não gostou e mandou deitar a Rainha ao mar, com uma pedra ao pescoço.
Quando o rei Ramiro chegou de novo a Leão casou com a bela Artiga que era agora cristã e muito amiga do povo.
Lenda das Amendoeiras em Flor
Há muitos e muitos séculos, antes de Portugal existir e quando o Al-Gharb pertencia aos árabes, reinava em Chelb, a futura Silves, o famoso e jovem rei Ibn-Almundim que nunca tinha conhecido uma derrota. Um dia, entre os prisioneiros de uma batalha, viu a linda Gilda, uma princesa loira de olhos azuis e porte altivo. Impressionado, o rei mouro deu-lhe a liberdade, conquistou-lhe progressivamente a confiança e um dia confessou-lhe o seu amor e pediu-lhe para ser sua mulher. Foram felizes durante algum tempo, mas um dia a bela princesa do Norte caiu doente sem razão aparente. Um velho cativo das terras do Norte pediu para ser recebido pelo desesperado rei e revelou-lhe que a princesa sofria de nostalgia da neve do seu país distante. A solução estava ao alcance do rei mouro, pois bastaria mandar plantar por todo o seu reino muitas amendoeiras que quando florissem as suas brancas flores dariam à princesa a ilusão da neve e ela ficaria curada da sua saudade. Na Primavera seguinte, o rei levou Gilda à janela do terraço do castelo e a princesa sentiu que as suas forças regressavam ao ver aquela visão indescritível das flores brancas que se estendiam sob o seu olhar. O rei mouro e a princesa viveram longos anos de um intenso amor esperando ansiosos, ano após ano, a Primavera que trazia o maravilhoso espectáculo das amendoeiras em flor.
O Caldo de Pedra
Um frade andava no peditório. Chegou à porta de um lavrador, mas não lhe quiseram aí dar nada. O frade estava a cair de fome e disse:
- Vou ver se faço um caldinho de pedra.
E pegou numa pedra do chão, sacudiu-lhe a terra e pôs-se a olhar para ela, como para ver se era boa para um caldo. A gente da casa pôs-se a rir do frade e daquela lembrança. Diz o frade:
- Então nunca comeram caldo de pedra? Só lhes digo que é uma coisa muito boa.
Responderam-lhe:
- Sempre queremos ver isso.
Foi o que o frade quis ouvir. Depois de ter lavado a pedra, pediu:
- Se me emprestassem aí um pucarinho...
Deram-lhe uma panela de barro. Ele encheu-a de água e deitou-lhe a pedra dentro.
- Agora, se me deixassem estar a panelinha aí, ao pé das brasas...
Deixaram. Assim que a panela começou a chiar, disse ele:
- Com um bocadinho de unto é que o caldo ficava a primor!
Foram-lhe buscar um pedaço de unto. Ferveu, ferveu, e a gente da casa pasmada para o que via.
O frade, provando o caldo:
- Está um nadinha insosso. Bem precisa duma pedrinha de sal.
Também lhe deram o sal. Temperou, provou, e disse:
Quando os olhos já estavam aferventados, arriscou:
- Ai! um naquinho de chouriça é que lhe dava uma graça!...
Trouxeram-lhe um pedaço de chouriço. Ele pô-lo na panela e, enquanto se cozia, tirou do alforge pão e arranjou-se para comer com vagar. O caldo cheirava que era um regalo.
Comeu e lambeu o beiço.
Depois de despejada a panela, ficou a pedra no fundo.
A gente da casa, que estava com os olhos nele, perguntou-lhe:
- Ó senhor frade, então a pedra?
- A pedra... lavo-a e levo-a comigo para outra vez.
- Vou ver se faço um caldinho de pedra.
E pegou numa pedra do chão, sacudiu-lhe a terra e pôs-se a olhar para ela, como para ver se era boa para um caldo. A gente da casa pôs-se a rir do frade e daquela lembrança. Diz o frade:
- Então nunca comeram caldo de pedra? Só lhes digo que é uma coisa muito boa.
Responderam-lhe:
- Sempre queremos ver isso.
Foi o que o frade quis ouvir. Depois de ter lavado a pedra, pediu:
- Se me emprestassem aí um pucarinho...
Deram-lhe uma panela de barro. Ele encheu-a de água e deitou-lhe a pedra dentro.
- Agora, se me deixassem estar a panelinha aí, ao pé das brasas...
Deixaram. Assim que a panela começou a chiar, disse ele:
- Com um bocadinho de unto é que o caldo ficava a primor!
Foram-lhe buscar um pedaço de unto. Ferveu, ferveu, e a gente da casa pasmada para o que via.
O frade, provando o caldo:
- Está um nadinha insosso. Bem precisa duma pedrinha de sal.
Também lhe deram o sal. Temperou, provou, e disse:
Quando os olhos já estavam aferventados, arriscou:
- Ai! um naquinho de chouriça é que lhe dava uma graça!...
Trouxeram-lhe um pedaço de chouriço. Ele pô-lo na panela e, enquanto se cozia, tirou do alforge pão e arranjou-se para comer com vagar. O caldo cheirava que era um regalo.
Comeu e lambeu o beiço.
Depois de despejada a panela, ficou a pedra no fundo.
A gente da casa, que estava com os olhos nele, perguntou-lhe:
- Ó senhor frade, então a pedra?
- A pedra... lavo-a e levo-a comigo para outra vez.
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Contos Tradicionais do Povo Português
Frei João Sem Cuidados
O rei ouvia sempre falar em Frei João Sem Cuidados como um homem que não se afligia com coisa nenhuma deste mundo.
- Deixa estar, que eu é que te hei-de meter em trabalhos!
Mandou-o chamar à sua presença e disse-lhe:
- Vou dar-te uma adivinha e, se dentro de três dias não me souberes responder, mando-te matar. Quero que me digas quanto pesa a Lua, quanta água tem o mar, e o que é que eu penso?
Frei João Sem Cuidados saíu do palácio bastante atrapalhado, pensando na resposta que havia de dar àquelas perguntas. O seu moleiro encontrou-o no caminho e lá estranhou de ver Frei João Sem Cuidados de cabeça baixa e macambúzio.
- Olá, senhor Frei João Sem Cuidados, então que é isso que o vejo tão triste?
- É que o rei disse-me que me mandava matar se dentro de três dias eu não lhe respondesse a estas perguntas: Quanto pesa a Lua? Quanta água tem o mar? O que ele pensa?
O moleiro pôs-se a rir e disse-lhe que não tivesse cuidados, que lhe emprestasse o hábito de frade, que ele iria disfarçado e havia de dar boas respostas ao rei.
Passados os três dias, o moleiro, vestido de frade, foi pedir audiência ao rei. O rei perguntou-lhe:
- Então, quanto pesa a Lua?
- Saberá Vossa Majestade que não pode pesar mais do que um arrátel, porque todos dizem que ela tem quatro quartos.
- É verdade... E agora: quanta água tem o mar?
Respondeu o moleiro:
- Isso é muito fácil de saber. Mas como Vossa Majestade só quis saber da água do mar, é preciso primeiro que mande tapar todos os rios, porque sem isso nada feito.
O rei achou bem respondido. Mas zangado por ver que Frei João Sem Cuidados se escapava das dificuldades, tornou:
- Agora, se não souberes o que penso, mando-te matar!
O moleiro respondeu:
- Ora Vossa Majestade pensa que está a falar com o Frei João Sem Cuidados, e está mas é a falar com o seu moleiro!
Deixou cair o hábito de frade, e o rei ficou pasmado com a sua esperteza.
- Deixa estar, que eu é que te hei-de meter em trabalhos!
Mandou-o chamar à sua presença e disse-lhe:
- Vou dar-te uma adivinha e, se dentro de três dias não me souberes responder, mando-te matar. Quero que me digas quanto pesa a Lua, quanta água tem o mar, e o que é que eu penso?
Frei João Sem Cuidados saíu do palácio bastante atrapalhado, pensando na resposta que havia de dar àquelas perguntas. O seu moleiro encontrou-o no caminho e lá estranhou de ver Frei João Sem Cuidados de cabeça baixa e macambúzio.
- Olá, senhor Frei João Sem Cuidados, então que é isso que o vejo tão triste?
- É que o rei disse-me que me mandava matar se dentro de três dias eu não lhe respondesse a estas perguntas: Quanto pesa a Lua? Quanta água tem o mar? O que ele pensa?
O moleiro pôs-se a rir e disse-lhe que não tivesse cuidados, que lhe emprestasse o hábito de frade, que ele iria disfarçado e havia de dar boas respostas ao rei.
Passados os três dias, o moleiro, vestido de frade, foi pedir audiência ao rei. O rei perguntou-lhe:
- Então, quanto pesa a Lua?
- Saberá Vossa Majestade que não pode pesar mais do que um arrátel, porque todos dizem que ela tem quatro quartos.
- É verdade... E agora: quanta água tem o mar?
Respondeu o moleiro:
- Isso é muito fácil de saber. Mas como Vossa Majestade só quis saber da água do mar, é preciso primeiro que mande tapar todos os rios, porque sem isso nada feito.
O rei achou bem respondido. Mas zangado por ver que Frei João Sem Cuidados se escapava das dificuldades, tornou:
- Agora, se não souberes o que penso, mando-te matar!
O moleiro respondeu:
- Ora Vossa Majestade pensa que está a falar com o Frei João Sem Cuidados, e está mas é a falar com o seu moleiro!
Deixou cair o hábito de frade, e o rei ficou pasmado com a sua esperteza.
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Contos Tradicionais do Povo Português
As Orelhas do Abade
Um sujeito bom caçador convidou o abade da sua freguesia para ir comer com ele duas perdizes guisadas, e deu-as à mulher para as cozinhar. A mulher, raivosa por não contarem com ela, cozinhou as perdizes e comeu-as. Nisto chega o abade muito contente, e diz-lhe a mulher:
- Fuja, senhor abade, que o meu homem jurou que lhe havia de cortar as orelhas, e isto das perdizes foi um pretexto para cá o pilhar.
O abade não quis ouvir mais, e ele por aqui me sirvo.
O marido chega, e diz-lhe a mulher:
- O abade aí veio, viu as perdizes, e não queria esperar mais por ti, pegou nelas ambas e foi-se embora.
O homem vem à porta da rua, e ainda vê o abade fugindo, e começa a gritar:
- Ó senhor abade! Pelo menos deixe-me uma.
- Nem uma, nem duas! - respondeu ele lá de longe.
- Fuja, senhor abade, que o meu homem jurou que lhe havia de cortar as orelhas, e isto das perdizes foi um pretexto para cá o pilhar.
O abade não quis ouvir mais, e ele por aqui me sirvo.
O marido chega, e diz-lhe a mulher:
- O abade aí veio, viu as perdizes, e não queria esperar mais por ti, pegou nelas ambas e foi-se embora.
O homem vem à porta da rua, e ainda vê o abade fugindo, e começa a gritar:
- Ó senhor abade! Pelo menos deixe-me uma.
- Nem uma, nem duas! - respondeu ele lá de longe.
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Contos Tradicionais do Povo Português
OS DEZ ANÕEZINHOS DA TIA VERDE-ÁGUA
Era uma mulher casada, mas que se dava muito mal com o marido, porque não trabalhava nem tinha ordem no governo da casa; começava uma coisa e logo passava para outra, tudo ficava em meio, de sorte que quando o marido vinha para casa nem tinha o jantar feito, e à noite nem água para os pés nem a cama arranjada. As coisas foram assim, até que o homem lhe pôs as mãos e ia-a tosando, e ela a passar muito má vida. A mulher andava triste por o homem lhe bater, e tinha uma vizinha a quem se foi queixar, a qual era velha e se dizia que as fados a ajudavam. Chamavam-lhe a Tia Verde-Água:
– Ai, Tia! vocemecê é que me podia valer nesta aflição.
– Pois sim, filha; eu tenho dez anõezinhos muito arranjadores, e mando-tos para tua casa para te ajudarem.
E a velha começou a explicar-lhe o que devia fazer para que os dez anõezinhos a ajudassem; que quando pela manha se levantasse fizesse logo a cama, em seguida acendesse o lume, depois enchesse o cântaro de água, varresse a casa, aponteasse a roupa, e no intervalo em que cozinhasse o jantar fosse dobando as suas meadas, até o marido chegar. Foi-lhe assim indicando o que havia de fazer, que em tudo isto seria ajudada sem ela o sentir pelos dez anõezinhos. A mulher assim o fez, e se bem o fez melhor lhe saiu. logo à boca da noite foi a casa da Tia Verde-Água agradecer-lhe o ter-lhe mandado os dez anõezinhos, que ela não viu nem sentiu, mas porque o trabalho correu-lhe como por encanto. Foram-se assim passando as coisas, e o marido estava pasmado por ver a mulher tornar-se tão arranjadeira e limposa; ao fim de oito dias ele não se teve que não lhe dissesse como ela estava outra mulher, e que assim viveriam como Deus com os anjos. A mulher contente por se ver agora feliz, e mesmo porque a féria chegava para mais, vai a casa da Tia Verde-Água agradecer-lhe o favor que lhe fez:
– Ai, minha Tia, os seus dez anõezinhos fizeram-me um servição; trago agora tudo arranjado, e o meu homem anda muito meu amigo. O que lhe eu pedia agora é que mos deixasse lá ficar.
A velha respondeu-lhe:
– Deixo, deixo. Pois tu ainda não viste os dez anõezinhos?
– Ainda não; o que eu queria era vê-los.
– Não sejas tola; se tu queres vê-los olha para as tuas mãos, e os teus dedos é que soo os dez anõezinhos.
A mulher compreendeu a causa, e foi para casa satisfeita consigo por saber como é que se faz luzir o trabalho.
– Ai, Tia! vocemecê é que me podia valer nesta aflição.
– Pois sim, filha; eu tenho dez anõezinhos muito arranjadores, e mando-tos para tua casa para te ajudarem.
E a velha começou a explicar-lhe o que devia fazer para que os dez anõezinhos a ajudassem; que quando pela manha se levantasse fizesse logo a cama, em seguida acendesse o lume, depois enchesse o cântaro de água, varresse a casa, aponteasse a roupa, e no intervalo em que cozinhasse o jantar fosse dobando as suas meadas, até o marido chegar. Foi-lhe assim indicando o que havia de fazer, que em tudo isto seria ajudada sem ela o sentir pelos dez anõezinhos. A mulher assim o fez, e se bem o fez melhor lhe saiu. logo à boca da noite foi a casa da Tia Verde-Água agradecer-lhe o ter-lhe mandado os dez anõezinhos, que ela não viu nem sentiu, mas porque o trabalho correu-lhe como por encanto. Foram-se assim passando as coisas, e o marido estava pasmado por ver a mulher tornar-se tão arranjadeira e limposa; ao fim de oito dias ele não se teve que não lhe dissesse como ela estava outra mulher, e que assim viveriam como Deus com os anjos. A mulher contente por se ver agora feliz, e mesmo porque a féria chegava para mais, vai a casa da Tia Verde-Água agradecer-lhe o favor que lhe fez:
– Ai, minha Tia, os seus dez anõezinhos fizeram-me um servição; trago agora tudo arranjado, e o meu homem anda muito meu amigo. O que lhe eu pedia agora é que mos deixasse lá ficar.
A velha respondeu-lhe:
– Deixo, deixo. Pois tu ainda não viste os dez anõezinhos?
– Ainda não; o que eu queria era vê-los.
– Não sejas tola; se tu queres vê-los olha para as tuas mãos, e os teus dedos é que soo os dez anõezinhos.
A mulher compreendeu a causa, e foi para casa satisfeita consigo por saber como é que se faz luzir o trabalho.
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Contos Tradicionais do Povo Português
O APRENDIZ DE MAGO
Um homem de grandes artes tinha na sua companhia um sobrinho, que lhe guardava a casa quando precisava sair. De uma vez deu-lhe duas chaves, e disse:
– Estas chaves são daquelas duas portas; não mas abras por cousa nenhuma do mundo, senão morres.
O rapaz, assim que se viu só, não se lembrou mais da ameaça e abriu uma das portas. Apenas viu um campo escuro e um lobo que vinha correndo para arremeter contra ele. Fechou a porta a toda a pressa passado de medo. Daí a pouco chegou o Mago:
– Desgraçado! para que me abriste aquela porta, tendo-te avisado que perderias a vida?
O rapaz tais choros fez que o Mago lhe perdoou. De outra vez saiu o tio e fez-lhe a mesma recomendação. Não ia muito longe, quando o sobrinho deu volta à chave da outra porta, e apenas viu uma campina com um cavalo branco a pastar. Nisto lembrou-se da ameaça do tio e já o sentindo subir pela escada, começou a gritar:
– Ai que agora é que estou perdido!
O cavalo branco falou-lhe:
– Apanha desse chão um ramo, uma pedra e um punhado de areia, e monta já quanto antes em mim.
Palavras não eram ditas, o Mago abriu a porta da casa: o rapaz salta para cima do cavalo branco e grita:
– Foge! que aí chega o meu tio para me matar.
O cavalo branco correu pelos ares fora; mas indo lá muito longe, o rapaz torna a gritar:
– Corre! que meu tio já me apanha para me matar.
O cavalo branco correu mais, e quando o Mago estava quase a apanhá-los, disse para o rapaz:
– Deita fora o ramo.
Fez-se logo ali uma floresta muito fechada, e, enquanto o Mago abria caminho por ela, puseram-se muito longe. Ainda o rapaz tornou outra vez a gritar:
– Corre! que já aí está meu tio, que me vai matar.
Disse o cavalo branco:
– Bota fora a pedra.
Logo ali se levantou uma grande serra cheia de penedias, que o Mago teve de subir, enquanto eles avançavam caminho. Mais adiante, grita o rapaz:
– Corre, que meu tio agarra-nos.
– Pois atira ao vento o punhado de areia, disse-lhe o cavalo branco.
Apareceu logo ali um mar sem fim, que o Mago não pôde atravessar. Foram dar a uma terra onde se estavam fazendo muitos prantos. O cavalo branco ali largou o rapaz e disse-lhe que quando se visse em grandes trabalhos por ele chamasse mas que nunca dissesse como viera ter ali. O rapaz foi andando e perguntou por quem eram aqueles grandes prantos.
– É porque a filha do rei foi roubada por um gigante que vive em uma ilha aonde ninguém pode chegar.
– Pois eu sou capaz de ir lá.
Foram dizê-lo ao rei; o rei obrigou-o com pena de morte a cumprir o que dissera. O rapaz valeu-se do cavalo branco, e conseguiu ir à ilha trazendo de lá a princesa, porque apanhara o gigante dormindo.
A princesa assim que chegou ao palácio não parava de chorar. Perguntou-lhe o rei:
– Porque choras tanto, minha filha?
– Choro porque perdi o meu anel que me tinha dado a fada minha madrinha e, enquanto o não tornar a achar, estou sujeita a ser roubada outra vez ou ficar para sempre encantada.
O rei mandou lançar o pregão em como dava a mão da princesa a quem achasse o anel que ela tinha perdido. O rapaz chamou o cavalo branco, que lhe trouxe do fundo do mar o anel, mas o rei não lhe queria já dar a mão da princesa; porém ela é que declarou que casaria com o jovem para que dissessem sempre: Palavra de rei não torna atrás.
Teófilo Braga
– Estas chaves são daquelas duas portas; não mas abras por cousa nenhuma do mundo, senão morres.
O rapaz, assim que se viu só, não se lembrou mais da ameaça e abriu uma das portas. Apenas viu um campo escuro e um lobo que vinha correndo para arremeter contra ele. Fechou a porta a toda a pressa passado de medo. Daí a pouco chegou o Mago:
– Desgraçado! para que me abriste aquela porta, tendo-te avisado que perderias a vida?
O rapaz tais choros fez que o Mago lhe perdoou. De outra vez saiu o tio e fez-lhe a mesma recomendação. Não ia muito longe, quando o sobrinho deu volta à chave da outra porta, e apenas viu uma campina com um cavalo branco a pastar. Nisto lembrou-se da ameaça do tio e já o sentindo subir pela escada, começou a gritar:
– Ai que agora é que estou perdido!
O cavalo branco falou-lhe:
– Apanha desse chão um ramo, uma pedra e um punhado de areia, e monta já quanto antes em mim.
Palavras não eram ditas, o Mago abriu a porta da casa: o rapaz salta para cima do cavalo branco e grita:
– Foge! que aí chega o meu tio para me matar.
O cavalo branco correu pelos ares fora; mas indo lá muito longe, o rapaz torna a gritar:
– Corre! que meu tio já me apanha para me matar.
O cavalo branco correu mais, e quando o Mago estava quase a apanhá-los, disse para o rapaz:
– Deita fora o ramo.
Fez-se logo ali uma floresta muito fechada, e, enquanto o Mago abria caminho por ela, puseram-se muito longe. Ainda o rapaz tornou outra vez a gritar:
– Corre! que já aí está meu tio, que me vai matar.
Disse o cavalo branco:
– Bota fora a pedra.
Logo ali se levantou uma grande serra cheia de penedias, que o Mago teve de subir, enquanto eles avançavam caminho. Mais adiante, grita o rapaz:
– Corre, que meu tio agarra-nos.
– Pois atira ao vento o punhado de areia, disse-lhe o cavalo branco.
Apareceu logo ali um mar sem fim, que o Mago não pôde atravessar. Foram dar a uma terra onde se estavam fazendo muitos prantos. O cavalo branco ali largou o rapaz e disse-lhe que quando se visse em grandes trabalhos por ele chamasse mas que nunca dissesse como viera ter ali. O rapaz foi andando e perguntou por quem eram aqueles grandes prantos.
– É porque a filha do rei foi roubada por um gigante que vive em uma ilha aonde ninguém pode chegar.
– Pois eu sou capaz de ir lá.
Foram dizê-lo ao rei; o rei obrigou-o com pena de morte a cumprir o que dissera. O rapaz valeu-se do cavalo branco, e conseguiu ir à ilha trazendo de lá a princesa, porque apanhara o gigante dormindo.
A princesa assim que chegou ao palácio não parava de chorar. Perguntou-lhe o rei:
– Porque choras tanto, minha filha?
– Choro porque perdi o meu anel que me tinha dado a fada minha madrinha e, enquanto o não tornar a achar, estou sujeita a ser roubada outra vez ou ficar para sempre encantada.
O rei mandou lançar o pregão em como dava a mão da princesa a quem achasse o anel que ela tinha perdido. O rapaz chamou o cavalo branco, que lhe trouxe do fundo do mar o anel, mas o rei não lhe queria já dar a mão da princesa; porém ela é que declarou que casaria com o jovem para que dissessem sempre: Palavra de rei não torna atrás.
Teófilo Braga
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