sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

QUADRAS SOLTAS




Com três letrinhas apenas
Se escreve a palavra mãe
É das palavras pequenas
A maior que o Mundo tem.

Quem me dera ser a água
Passar nas fontes a correr
Para beijar os teus lábios
Quando tu a fosses beber.

Não sou esperto nem burro
Nem bem nem mal educado
Sou apenas um produto
Do meio em que fui criado.

P´ra mentira ser segura
E atingir profundidade
Tem de trazer à mistura
Qualquer coisa de verdade.

Eu vi quatro quadras soltas
À solta lá numa herdade
amarrei-as com uma corda
e carreguei-as p'rá cidade

Cheguei com elas a um largo
e logo ao largo se puseram
foram ter com a família
e com os amigos que ainda o eram

Viram fados, viram viras
viram canções de revolta
e encontraram bons amigos
em mais que uma quadra solta

Uma viu um livro chamado
'Este livro que vos deixo'
e reviu velhas amizades
eram quadras do Aleixo

Fui com a quadra popular
À procura da restante
quando o polícia de longe
disse: venha aqui um instante

Temos aqui uma outra
não sei se você conhece
desrespeita a autoridade
e diz o que lhe apetece

Tem uma rima forçada
e palavras estrangeiras
e semeia a confusão
entre as outras prisioneiras

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